O Brasil será o grande responsável pelo desafio de alimentar nove bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2050. Segundo a FAO, estima-se que que a população mundial cresce em 200 mil pessoas por dia e que 870 milhões de pessoas ainda dormem com fome todos os dias, declarou o deputado Sergio Souza (PMDB-PR) ao presidir os debates realizados nesta semana, na Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC), numa audiência pública sobre “As boas práticas na agricultura de baixo carbono, como plantio direto e moratória da soja”.
Relator da CMMC, Sérgio Souza ressaltou que “nosso país é conhecido como “celeiro do mundo” em função dos recordes de produção da agropecuária e da liderança na exportação no mercado internacional. Isso traz uma dupla responsabilidade para o Brasil, que precisa conciliar seu papel de um dos principais garantidores da segurança alimentar mundial com a sua ambição de liderar o esforço global de proteção ao meio ambiente”.
Esquecimento
O deputado realçou que os responsáveis por criar essa imensa riqueza, os produtores rurais, desde o agricultor familiar, passando pelos produtores organizados em cooperativas e pelos grandes fazendeiros, são muitas vezes esquecidos pela população das cidades. “Na frenética rotina de nosso dia a dia, nos esquecemos da quantidade de pessoas, atividades e tecnologia envolvidas para que o alimento chegue todos os dias até nossos pratos”.
Segundo Sergio Souza, disse que hoje mais da metade da humanidade mora em cidades e com a contínua intensificação do processo global de urbanização, cada vez mais o setor agrícola tende a ficar distante dos consumidores. Trata-se de uma falta de reconhecimento inversamente proporcional à responsabilidade que o setor tem em produzir mais alimentos e preservar o equilíbrio ambiental, duas tarefas que garantem em última instância a comida dos centros urbanos e um ambiente equilibrado para a qualidade de vida de todos.
- Ao menos para impulsionar a sustentabilidade, podemos contar hoje com os avanços da ciência, que permitem aos agricultores ganhos de produção baseados em insumos e métodos cada vez mais seguros e menos agressivos para a saúde e para a natureza, como, plantio direto na palha, defensivos agrícolas, modernos maquinários e fertilizantes, o que permite uma quantidade cada vez maior com a mesma quantidade de terras, sem a necessidade de mais desmatamento.
Sergio Souza, que é presidente da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, explicou que a preservação das florestas e da biodiversidade não impede o aumento da produção com as terras cultiváveis, seja aumentando a produtividade das lavouras, seja recuperando áreas em processo de degradação. “Pelo contrário, é fundamental para a existência das próprias lavouras que se mantenha o equilíbrio climático e que se proteja a biodiversidade, necessária para a polinização e equilíbrio das cadeias alimentares”.
Artur Hugen, com Tito Matos/Foto: Divulgação
19 de Novembro, 2024 às 23:56