Por Gleisi Hoffmann*
Circula nas redes sociais e é repassada também pelos grupos de WhatsApp uma imagem bastante esclarecedora da diferença entre os governos petistas e a gestão golpista de Michel Temer. A imagem não tem como fonte o PT ou nenhuma das organizações do movimento social que integram a Frente Brasil Popular. Ela se baseia em dados de reportagem publicada em um jornal da grande imprensa, a Folha de São Paulo, que, no dia 8 de novembro de 2017, deu manchete sobre o aumento escandaloso nos preços do gás de cozinha (botijão), da gasolina, do diesel e na tarifa da energia elétrica.
Em pouco mais de um ano e meio, a diferença entre um governo popular, inclusivo, como os de Lula e Dilma, e um orientado para favorecer apenas às elites, o de Temer, é percebida amargamente no bolso e na vida cotidiana de milhões de brasileiras e brasileiros. Em 13 anos e meio dos governos de Lula e Dilma, o preço pago pelo gás de botijão subiu 79%. Mas nesse mesmo período, o reajuste do salário mínimo foi de 340%, resultando em um poder de compra de 21 botijões de gás de 13Kg no primeiro semestre de 2016.
Tiraram a Dilma, iludindo a população de que essa seria a solução para os problemas do Brasil em meio a uma grave crise internacional. Claro que não era assim, muito pelo contrário. Em um ano e meio, o gás de cozinha subiu 66% e o salário, só 6%. Para o ano que vem, inclusive, o salário vai diminuir em vez de aumentar. Mas em novembro de 2017, o poder de compra do salário mínimo do trabalhador brasileiro mal paga 13 botijões. E tivemos seis aumentos consecutivos só neste ano!
A fome está aí de volta e se tem alguém que vem se beneficiando da política econômica golpista, com certeza não é o povo pobre, o trabalhador assalariado e nem a classe média, que, juntos, preenchem a maior parte da pirâmide socioeconômica brasileira. O aumento nos impostos dos combustíveis (diesel e gasolina) e as sucessivas altas nos preços praticados nas bombas dos postos em todo o País, atreladas às cotações internacionais, aliás, impondo a possibilidade de reajustes diários, também representam um atentado promovido pela política golpista de Michel Temer contra o bolso da população. As pessoas sofrem com o impacto desses aumentos no dia a dia.
Há um ano e meio, trabalhadores que têm esse indicador como um dos componentes fundamentais no seu orçamento, como os motoristas de transporte particular de passageiros, vans escolares, motoboys, serviços de entrega de encomendas, entre outros, não previram que o custo da sua atividade aumentaria nessa proporção. Sequer suspeitaram que teriam de amargar prejuízos da ordem de três a quatro reajustes em apenas um mês no preço dos combustíveis. A diferença dessa conta, agora, sai da mão de obra do trabalhador, ou seja, ele já está recebendo menos pelo seu serviço para compensar o aumento no custo da atividade profissional. Com isso, temos trabalhadores mais exaustos e pior remunerados ao volante.
Apagão da economia
Os sucessivos aumentos na conta de luz (energia elétrica), por sua vez, também não dão descanso ao bolso da população e encarecem as atividades dos setores produtivos nacionais. Recentemente, o ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles, esteve na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal para responder sobre o porquê de o Brasil ter voltado ao Mapa da Fome. Pouco ou quase nada disso ele falou, mas discursou uma propaganda enganosa a respeito de uma recuperação da economia e de um controle da inflação. Balela! A economia encontra-se no chão porque não se tem consumo e nem investimentos. As pessoas não têm dinheiro para gastar.
De que adianta propagandear que a inflação situa-se abaixo do centro da meta, se a taxa Selic ou taxa básica de juros, encontra-se em 7,5% e o juro real no Brasil em quase 4%? Esse quadro indica que estamos sem atividade econômica. Aliás, vale destacar que a dívida pública explodiu depois que Temer usurpou o poder. Resumindo: estamos com atividade econômica menor, dívidas bruta e líquida maiores e taxa de juros real também superior ao que se tinha antes.
Para quem melhorou o Brasil, afinal, se para o povo pobre, trabalhador e contribuinte é que não foi?
Com a Emenda Constitucional nº 95, de congelamento de 20 anos dos investimentos em saúde e educação e cortes orçamentários especial e covardemente em programas sociais, a resposta a essa pergunta está no andar de cima da sociedade e lá fora. Melhorou para o mercado de rentabilidade, para o setor financeiro, para os banqueiros e para os compradores estrangeiros do dilapidado patrimônio nacional. Sem revogar essa emenda, os investimentos serão cada vez menores, inviáveis e impraticáveis porque banco particular nenhum faz investimentos de longo prazo. Se o poder público não fizer, esqueça! Além disso, com a Medida Provisória (MP) nº 795/2017, o governo golpista reduziu impostos pagos pelas petroleiras internacionais para explorarem nosso petróleo e gás. Antes, já havia acabado com o regime de partilha do pré-sal (que previa que os royalties da exploração seriam destinados à saúde e educação do povo brasileiro) e excluiu a Petrobras do comando no controle dessa exploração. Esse governo, com essa má conduta entreguista, que lesa a Pátria a cada canetada, não serve. Para o povo e para a soberania do Brasil, definitivamente ele não serve.
*Gleisi Hoffmann é senadora da República e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
19 de Novembro, 2024 às 23:56