A Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU, COP 23, em sua 23º edição que se realiza em Bonn, na Alemanha, até a próxima sexta-feira(17) se depara com grandes desafios. Nas declarações de um dos secretários-gerais das Nações Unidas, Peteeri Taalas, 2017 pode ser considerado um dos anos mais quentes da história, marcado também por secas como as do Brasil e furacões nos Estados Unidos.
O Brasil, apesar de protagonista nas negociações internacionais quando o assunto é meio ambiente, leva para a COP uma redução do desmatamento de 16%, mas ainda registra altos índices de derrubada de matas nativas: mais de seis mil quilômetros quadrados. Somando-se a isso, o país viu seu índice de poluição aumentar e as emissões de gases de efeito estufa crescerem em 9%. É o sétimo país que mais polui a camada de ozônio. E o primeiro da América Latina.
Para o presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, senador Jorge Viana (PT-AC), a diminuição do desmatamento é positiva, mas ainda há grandes desafios a serem vencidos pelo país.
— Foi muito importante a gente parar um ciclo de desmatamento que vinha ocorrendo há quatro anos. Essa redução de 16% foi importante. Teve o esforço dos estados e, claro, é inaceitável que a gente tenha o crescimento do desmatamento na Amazônia brasileira. Mas os desafios do Brasil são enormes: tem redução no orçamento para combate ao desmatamento, tem redução do orçamento para dar suporte às políticas de ciência e tecnologia nas universidades. Isso é um verdadeiro desastre.
Também para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) é preciso recompor o orçamento do Brasil na área de preservação ambiental.
— Eu citaria a principal [causa] de todas a aprovação, no final de 2016, da emenda constitucional que limita os gastos públicos ao que foi aplicado no ano anterior apenas acrescido da inflação. Isso vai limitar muito a ação do estado brasileiro nessa área ambiental.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) ressaltou que a consciência do cidadão e os investimentos no setor são essenciais, sobretudo na área de recursos hídricos.
— Precisa formar uma consciência cidadã no Brasil inteiro a respeito das dificuldades dos recursos hídricos, dos limites dos recursos hídricos. Mas, acima de tudo, precisa investir na conservação dos nossos recursos hídricos. O Rio São Francisco está morrendo, com isso atinge diversas outras bacias de afluentes do rio.
Este ano, a COP é presidida por Fiji, um país insular da Oceania, que corre o risco de sumir do mapa caso o nível do mar aumente com o aquecimento global.
Artur Hugen, com Agência Senado/De Bonn, na Alemanha, Paula Groba, da Rádio Senado/Foto: Paula Groba/RS
19 de Novembro, 2024 às 23:56