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Recuo na Reforma da Previdência evidencia rejeição aos golpistas

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Gleisi Hoffmann é senadora da República e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT)

Por Gleisi Hoffmann*

O medo da derrota na votação do projeto de Reforma da Previdência fez o governo de Michel Temer recuar em mais esse desmonte atropelado e impopular dos direitos do povo brasileiro. Apreciação da matéria no Congresso Nacional, agora, só a partir de 5 de fevereiro de 2018 e a votação em si, depois do dia 19. Essa é a versão oficial contada e recontada nos noticiários para explicar o adiamento da matéria. 

Verdade é que o projeto golpista está esbarrando na indignação das pessoas, na mobilização dos movimentos sociais e na pressão das organizações dos trabalhadores. À espera de uma “valorização do passe”, a base governista sente a pressão popular e o choque de realidade a cada vez que volta ao seu estado de origem, na tentativa de manter ou ampliar os votos para 2018. Ela perdeu o discurso, uma vez que as reformas e quaisquer outros argumentos que impliquem no sacrifício da população não convencem mais ninguém. 

Especialmente depois da medida indecorosa da desoneração das petroleiras em R$ 1 trilhão, às custas da perda da soberania nacional, do entreguismo das nossas riquezas, do aumento quase que diário dos combustíveis, da destruição de postos de trabalho na cadeia produtiva do petróleo e gás, do desmonte dos direitos trabalhistas, do congelamento dos investimentos sociais por 20 anos e da possibilidade concreta do povo trabalhar até morrer, sem esperança de se aposentar dignamente.

O passa-fora que os golpistas estão levando na Reforma da Previdência só confirma a rejeição e a impopularidade das medidas, que não resistem, sob propaganda enganosa alguma, por melhor produzida que seja, a uma simples consulta popular. Esse projeto do “Pato Amarelo”, excludente e de exploração escandalosa da classe trabalhadora, jamais venceria as eleições presidenciais. Não tem voto, não tem legitimidade e não representa o desejo democrático da população brasileira. Foi imposto à golpe, mentiras, perseguições, compra de votos e má fé.

Quem tem legitimidade adquirida democraticamente nas urnas, com o voto da maioria dos eleitores brasileiros, é o Partido dos Trabalhadores (PT). À medida em que cresce a consciência acerca das manipulações e mentiras propagadas pelos partidários do golpe, o PT recupera junto à sociedade brasileira o crédito de ser digno representante dos interesses do povo pobre e trabalhador deste país. O Presidente Lula há muito deixou de ser visto exclusivamente como um candidato do PT ou da esquerda. Ele canaliza, sim, as esperanças de uma parcela significativa da população brasileira em reverter os estragos em curso e colocar o país novamente num patamar de respeitabilidade internacional, por reconhecido compromisso com a inclusão social, a distribuição de renda, a eliminação das desigualdades e injustiças sociais e, ainda, com a soberania nacional e o desenvolvimento sustentável.

No encontro anual dos catadores de materiais recicláveis, dia 13 de dezembro, em Brasília, Lula foi aclamado como guardião das esperanças da nossa gente mais humilde e mais escanteada pelas medidas desumanas e perversas do golpe das elites. A pressa imposta à tramitação do processo sem provas e sem crime contra Lula é o maior indicador do desespero dessas elites, das suas instituições e dos interesses que elas representam para tirar o Presidente Lula da corrida eleitoral. Não vão conseguir. O povo não vai deixar! Não só porque Lula é inocente, mas porque sua condenação coloca em xeque toda a instituição da justiça e da democracia. Desacredita o Estado Brasileiro e enfraquece nossa posição no cenário mundial.

O recuo na votação do projeto golpista de reforma da Previdência acendeu um alerta fluorescente na base golpista do Congresso Nacional. E não foi à toa. Por dez dias, bravos camponeses do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) fizeram uma greve de fome que sensibilizou pessoas no País todo e no exterior para o drama da retirada de direitos fundamentais da população brasileira. Mais 40 pessoas em outros estados aderiram à iniciativa, em apoio à greve de fome do MPA. As centrais sindicais também estão mobilizadas e com indicativo de greve geral. E, na Argentina, a tentativa de Macri esbarrou no descontentamento da multidão, que ganhou as ruas para protestar.

A reação do povo é a mais sonora manifestação da consciência que diferencia hoje os discursos, as práticas e os projetos de nação. Sensibilidade x insensibilidade social. Se Lula desponta e se firma na frente das pesquisas eleitorais e se o PT cresce no reconhecimento de seu importante papel nessa luta de classes, na articulação com os movimentos sociais e na representação dos interesses populares, é porque o povo sabe que Lula e o protagonismo do PT são sinônimos de governo humano, inclusivo e democrático. Tudo o que nos falta hoje. Essa perda é sentida amarga e dolorosamente a cada vez que necessitamos de políticas públicas.

(*) GLEISI HOFFMANN é senadora da República e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).