Enquanto o consumo em países tradicionais na produção e a venda de vinho têm registrado recuo, a comercialização nos Estados Unidos aumentou 13% nos últimos 10 anos. Em 2015, dados mais recentes da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o país ostentou a liderança no consumo mundial, com 31 milhões de hectolitros. Esses dados justificam a busca dos vinicultores brasileiros por uma fatia desse mercado. No ano passado, os norte-americanos aumentaram em 34,6% o valor das aquisições de vinhos do Brasil, totalizando US$ 830,7 mil e 280,6 mil litros exportados.
Neste mês, sete vinícolas brasileiras (Casa Perini, Casa Valduga, Cave Geisse, Miolo Wine Group, Mioranza, Pizzato Vinhas e Vinhos e Salton) desembarcam na terra do Tio Sam para participar de cinco eventos voltados tanto para o consumidor final como para o trade, imprensa e críticos. As ações são articuladas pelo projeto setorial Wines of Brasil, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), por meio do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
A presença em um dos principais festivais de vinho de Nova York, o Brooklyn Crush Wine & Artisanal Food Festival, no próximo dia 13, será precedida por um circuito realizado em uma parceria inédita com a embaixada e os consulados brasileiros em quatro cidades: Miami, dia 8; Atlanta, dia 10; Washington, dia 11; e em Nova York, dia 12. Serão colocados 20 rótulos para degustação do público convidado. Os circuitos serão realizados em restaurantes da rede de churrascarias Fogo de Chão e a prospecção de compradores e formadores de opinião foi realizada pelos setores de promoção comercial dos postos diplomáticos.
“Nos últimos dois anos estamos consolidando parcerias com novos distribuidores que apostaram no produto brasileiro em suas ações. Assim, estamos obtendo resultados mais efetivos, com crescimento sustentado nas vendas para diferentes estados americanos”, explica o gerente de Promoção do Ibravin, Diego Bertolini. “Essas iniciativas têm o objetivo de mostrar o Brasil como país produtor de vinhos e convidar as pessoas a descobrirem a qualidade e diversidade dos nossos rótulos”, completa.
Bertolini informa que, no ano passado, os Estados Unidos se consolidaram como o segundo principal destino das exportações brasileiras de vinhos. Devida à importância desse mercado, as ações no país devem ser intensificadas nos próximos anos. E uma das apostas dos produtores brasileiros será o espumante. Somado ao fato de o Brasil deter reconhecimento internacional e uma excelente relação de custo x benefício no produto, a taxa de crescimento do consumo dos borbulhantes entre os americanos é duas vezes maior que a dos vinhos tranquilos. No ano passado, apesar de representar 17,3% do valor total das exportações dos rótulos nacionais, os espumantes tiveram um incremento de 54,3% ante o ano anterior.
Bertolini explica que o potencial de crescimento e os resultados obtidos estimularam, por exemplo, a Vinícola Salton a instalar um escritório comercial no estado de Maryland. “Este é um movimento que mostra o amadurecimento da indústria vinícola brasileira, buscando a internacionalização como estratégia de ganho de competitividade no mercado interno ”, pontua o gerente.
Na embaixada de Washington e nos consulados de Miami, Atlanta e Nova York, a ação é focada nos principais comerciantes, distribuidores e formadores de opinião (imprensa e influenciadores) das regiões e funcionará no formato walk around tasting, em que os convidados circulam entre os balcões das empresas degustando e trocando informações diretamente com os vinicultores. A expectativa é de que circulem entre 60 e 100 pessoas em cada evento. No consulado de Nova York, entretanto, mais de 150 pessoas já confirmaram presença, surpreendendo pelo interesse imediato gerado pelo convite. A projeção de negócios para o circuito é atingir cerca de US$ 250 mil.
No Brooklyn Crush Wine & Artisanal Food Festival, voltado para o consumidor final, os organizadores esperam um público de aproximadamente mil pessoas. Além de reunir 175 rótulos de diferentes partes do mundo, o evento agrega comida artesanal e apresentações de jazz ao vivo.
Confira a agenda nos Estados Unidos
Circuito Road Trip to Wines of Brasil
Data Hora Local
08/05 16h Fogo de Chão em Miami
10/05 11h às 15h Fogo de Chão em Atlanta
11/05 11h30min às 15h30min Fogo de Chão em Washington
12/05 11h as 15h30min Roger Smith Hotel em Nova York
Brooklyn Crush Wine & Artisanal Food Festival
Data: 13 de maio
Sessões: das 14h às 18h e das 20h às 23h
Local: Industry City – Factory Floor, Brooklyn, Nova York
Ingressos: US$ 69, com direito a uma taça de cristal
Exportações de vinhos para os Estados Unidos:
- Em 2016, o valor das exportações de vinhos e espumantes para os Estados Unidos foi de US$ 830,7 mil, representando um incremento de 34,6% sobre o período anterior;
- No ano passado, foram comercializados 280.687 litros de produtos brasileiros para o país, 30,9% a mais do que 2015;
- Os espumantes, representaram 17,3% do valor total exportado para os Estados Unidos em 2016. Entretanto, tiveram um desempenho mais expressivo do que os vinhos, com incremento de 54,3% em relação à 2015;
- O total das exportações brasileiras de vinhos foi de 2,27 milhões de litros, que representaram alta de 43,14% no volume, e de US$ 5,93 milhões, contabilizando alta de 45% no valor.
Curiosidades do mercado de vinhos nos Estados Unidos:
- 20 anos consecutivos de crescimento no consumo de vinhos, apesar das variações da economia do país;
- É o maior mercado mundial na comercialização de vinhos;
- Em 2015, os consumidores americanos gastaram aproximadamente US$ 45 bilhões em vinho;
- Os vinhos espumantes representavam uma fatia de consumo de apenas 5,7% em 2013. Entretanto, desde então, o consumo dessa categoria cresceu duas vezes mais do que o de vinhos tranquilos;
- Entre 2003 e 2013, o consumo de vinhos espumantes nos EUA aumentou 51%. A projeção é de que amplie em mais 15% entre 2014 e 2018;
- 18 milhões de americanos atualmente bebem espumantes ao menos uma vez por semana.
Artur Hugen, com informações de Camila Ruzarin, da Ibravin/Imagem: Janice Prado
19 de Novembro, 2024 às 23:56