“Tópicos Especiais em História: o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, “Golpes de Estado, autoritarismo e repressão no Brasil republicano”. Seriam seminários promovidos por sindicatos? Ou mesas redondas organizadas por DCEs? Quem sabe seriam chamadas para encontros regionais de partidos alinhados à esquerda? Nada disso. Estes são os nomes de algumas das disciplinas oferecidas por universidades públicas federais, bancadas com recursos pagos pelos impostos de todos os brasileiros.
A proliferação dos supostos cursos levou o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) a encaminhar ofício ao ministro da Educação, Mendonça Filho, onde o parlamentar alerta para o caráter político-partidário o das disciplinas oferecidas aos estudantes. “Isso só escancara a tentativa de aparelhamento das universidades públicas por militantes de esquerda. Nem dá para chamar de professor. Isso tudo mantido com recursos públicos federais, dinheiro dos impostos pagos por todos os brasileiros”, criticou o parlamentar.
No documento encaminhado ao MEC, Jerônimo lembra que a metodologia foge completamente ao espectro educacional, passando a se inserir no contexto de doutrinação dos jovens que são o futuro de nosso país. “A autonomia universitária, as liberdades de cátedra e o direito de expressão dos docentes não podem servir de subterfúgio para fins nebulosos. É livre o direito de manifestação de qualquer pessoa, mas não em ambiente de trabalho, não em um ambiente em que o docente exerça, mesmo que intelectualmente, uma hierarquia sob seus alunos”, argumentou.
O parlamentar acrescenta que é inaceitável que este quadro se mantenha em estabelecimentos federais e com recursos federais. “Por se tratar de tema com potencial de sequelas para toda a sociedade brasileira, sugiro a convocação imediata de reunião para que se possa viabilizar um plano de trabalho para por termo a esta arbitrariedade perpetrada pelas nossas instituições de ensino”, conclui Jerônimo. UnB, Unicamp, UFBA, Ufam, Ufrgs e UEPB são algumas das universidades envolvidas no polêmica dos cursos.
Artur Hugen, com AI/Apolos Paz/Foto: Divulgação
Artigo
Silos cheios, bolso vazio
A atividade agropecuária vive um momento bastante peculiar. A produção pujante no campo segue garantindo os sucessivos superávits na balança comercial do agronegócio. O produtor segue na sua atividade com competência e, mais do que isso, com muita insistência. Hoje, vemos silos cheios, mas os bolsos vazios. A renda simplesmente desapareceu na atividade primária. Trabalha-se para pagar as despesas.
O homem do campo foi aos bancos oficiais, às instituições privadas e também recorreu às cooperativas. Tudo isso para tentar acompanhar os elevados custos de produção, que cada vez aumentam mais. Em busca das linhas de custeio e investimento, o produtor se vê agora numa encruzilhada. Como fazer para continuar na atividade? Grande parte deles já esgotou todas as possibilidades de crédito, atolados em dívidas simplesmente impagáveis.
E a situação tem tudo para piorar. Vem aí o PRR, o programa de renegociação das dívidas do Funrural, passivo bilionário criado da noite para o dia através de uma nova interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF). Estamos falando de um montante superior a R$ 10 bilhões. O Funrural é, sem dúvida, um saque na renda do produtor para manter uma máquina estatal completamente ineficaz.
Por tudo isso, criamos na Câmara dos Deputados a Comissão Externa Sobre o Endividamento Agrícola, que tem como principal objetivo levantar os dados concretos do tamanho real dessa dívida. Precisamos trabalhar com celeridade e apontar saídas para a insolvência do setor, antes que os produtores desistam da atividade. Em breve teremos o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário. Hoje, milhares de CPFs e CNPJs estão negativados e sem condições de acessar os recursos que serão ofertados.
O cheque especial já estourou, no cartão de crédito não há mais limite. Vamos jogar os agricultores nas mãos dos agiotas? Uma atividade de altíssimo risco exige planejamento e tratamento adequado. Há de se pensar numa nova política de juros para o agronegócio e a agricultura familiar, taxas que convirjam com a trajetória de queda da Taxa Selic. Teremos que resgatar a capacidade econômica dos produtores, através de uma nova proposta de securitização.
O governo federal também precisa atuar no controle da importação predatória dos produtores agrícolas e buscar mecanismos que ofereçam melhores condições de competividade no âmbito do Mercosul. A Comissão Externa do Endividamento já está percorrendo o país em defesa do produtor brasileiro.
Afinal, são eles que garantem os bons números da economia, evidenciados agora com a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto. Em 2017, o PIB avançou 1%, após dois anos de retração.
E a agropecuária foi simplesmente o setor com melhor desempenho na economia, com um crescimento de 13%! As divisas do Brasil estão mais uma vez garantidas graças ao trabalhador rural. Agora, precisamos devolver a capacidade de renda ao homem do campo.
Por Deputado Federal Jerônimo Goergen (PP-RS)
19 de Novembro, 2024 às 23:56