A 252ª Procissão do Senhor dos Passos, uma das maiores e mais tradicionais demonstrações de fé dos catarinenses, reuniu, segundo a Polícia Militar, cerca de 65 mil pessoas, entre o sábado, 17, e este domingo, 18, em Florianópolis.
O governador Eduardo Pinho Moreira acompanhou a caminhada pelo Centro da Capital e, junto com outras autoridades, conduziu uma das hastes do Palio - espécie de cobertura que identifica o Bispo da arquidiocese.
“Na grandiosidade de uma celebração como esta, fica valorizada a importância da fé, que une as pessoas e reforça valores e princípios para a construção de uma sociedade mais justa e humana”, destacou Moreira, que complementou: “Vivemos momentos em que cresce a importância da religião, independente de credo, como força orientadora de uma convivência entre irmãos."
Partindo da Catedral Metropolitana a imagem do Senhor dos Passos percorreu ruas centrais de Florianópolis e, de volta à frente da Catedral, encontrou a imagem de Nossa Senhora das Dores. O momento foi marcado pela pregação do arcebispo Dom Orlando Brandes, da arquidiocese de Aparecida, em São Paulo. Como tema central do sermão, o religioso orientou que o amor de Jesus deve inspirar o povo em qualquer situação. “A falta de paz no mundo não é só por falta de Justiça, mas por falta de amor. Quem não é amado é triste, é agressivo, ciumento, possessivo, é infeliz”, pregou.
Benção final
Na sequência, as imagens seguiram juntas até a Capela Menino Deus, do Hospital de Caridade. Na calçada, dona Claudete Gerb não conteve as lágrimas ao olhar para as imagens. Estava emocionada porque o marido, que sempre a acompanhava na Procissão, faleceu há quatro meses. “Estaríamos juntos hoje, como sempre fazíamos. É um momento de muita emoção e de vir pedir a Nossa Senhora e ao Senhor dos Passos, paz e saúde pra toda a minha família”, disse a devota.
Como último ato da procissão, na chegada das imagens à Capela Menino Deus, o arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, fez a benção final.
História
A tradição de fé e devoção começou em 1766, dois anos depois de uma embarcação com destino à cidade de Rio Grande (RS) ter atracado na Ilha do Desterro trazendo a imagem baiana de Senhor Jesus dos Passos. A vinda da escultura que retrata o sofrimento de Jesus Cristo crucificado se tornou símbolo de devoção. Depois de pelo menos três tentativas frustradas de levar a imagem ao destino final, a interpretação foi de que a vontade divina era de que a imagem permanecesse em Florianópolis. Hoje, a Procissão do Senhor dos Passos é Patrimônio Cultural Imaterial de Santa Catarina.
Artur Hugen, com Secom/GSC/ Fotos: Jeferson Baldo / Secom
19 de Novembro, 2024 às 23:56