Bancada Sulista

Bancada Sulista

NOTÍCIAS

Especialistas defendem empoderamento das meninas como meta de desenvolvimento sustentável

Tamanho da letra A+ A-
Bancadas Femininas e Procuradorias da Mulher da Câmara e do Senado promoveram o debate

Bancadas Femininas e Procuradorias da Mulher da Câmara e do Senado promoveram o debate "Empoderamento das Meninas e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável". O evento aconteceu nesta quinta (25), no Senado Federal, com a participação de especialistas da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Fundação Abrinq e outras organizações sociais.

Segundo o Ministério de Relações Exteriores, o Brasil teve um papel fundamental na negociação dos acordos internacionais em torno dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Dos 17 objetivos, o quinto é a igualdade de gênero. O compromisso dos países é de alcançar esses objetivos até o ano de 2030.

Papel da educação
O evento, a 42ª Pauta Feminina,  foi conduzido pela deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP). Ela destacou o papel da educação. "Que escola nós queremos? Uma escola alienante, indiferente? Uma escola que reproduz, simplesmente? Uma escola que educa para a libertação ou para a reprodução dessa sociedade que nós temos? Professor não pode ser indiferente, professor tem que estar no seu contexto. Que seja um lugar - a educação, a sociedade, a família - de transformação, de formação de lideranças, de resgate da esperança, do amor e do valor que as meninas precisam ter, e que os meninos precisam respeitar."

Para Gabriela Mora, da Unicef, a igualdade de direitos entre mulheres e homens só será uma realidade a partir do compromisso dos governos com o empoderamento das meninas.

A gerente de gênero da Plan International Brasil, organização parceira da Unicef, Viviana Santiago, adolescentes e jovens não têm espaço de fala na sociedade. Ela lembra ressalta que “as meninas enfrentam desafios adicionais que impactam o seu desenvolvimento, e impedem o pleno desenvolvimento do seu potencial."

Políticas públicas
Viviana também reforçou a importância de se ouvir as meninas no processo de construção de políticas públicas para elas. "Mesmo quando a gente fala em processos de participação, em processos de escuta, eles estão carregados de uma visão adultocêntrica, que faz com que a gente perceba as meninas como pessoas que precisam aprender. O frescor que está no olhar das meninas, a sua relação com o mundo vem do fato de elas serem meninas hoje, e isso nós, pessoas adultas, não temos mais. Imagina a potência que a gente desperdiça quando se pensa que a gente só tem a ensinar?"

Para Gina Vieira Ponte de Albuquerque, professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal e idealizadora do projeto Mulheres Inspiradoras, faltam políticas públicas para as meninas. “Nós temos uma sociedade, uma cultura, que forma nossas meninas para serem objetos sexuais. De fato, não temos uma agenda, bibliografia, pesquisas para a questão das meninas.”

A estudante de engenharia Laís Rodrigues de Almeida, de 17 anos - recém ingressa no curso de Engenharia, estudou no Centro de Ensino Médio 09 de Ceilândia (DF). Ela assinalou que viu em sua comunidade meninas abrirem mão de seus sonhos e da expectativa de um futuro melhor para serem mães e donas de casa. “A gente pode sim conscientizar meninas e meninos que essa diferença é real, e não é saudável.”

Laís também atua como professora de musicalização para crianças e ensina artes visuais e história no aulão preparatório para vestibulares promovido pela escola.

A representante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, (Conanda) e da Secretária Nacional para a Promoção dos Direitos das Crianças e Adolescentes, Claudia Vidigal, chamou atenção para o número de mães adolescentes no Brasil. “É um dado gritante, quase 20% dos bebês são filhos de mães adolescentes. O que foi feito para ajudar essas meninas a não serem mães tão cedo. E o que está sendo feito para ajudar essas meninas a serem mães melhores, mais respaldadas, mais apoiadas nesse novo papel.

Ela também apresentou alguns dados alarmantes, como a taxa expressiva de casamentos de homens adultos com adolescentes.

A representante da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Heloisa Oliveira, da Fundação Abrinq, defendeu maior participação das mulheres nas áreas científicas. “Numa universidade, as carreiras de matemática e exatas não têm meninas. Elas são preparadas pra brincar com bonecas e batom.”

Conquistas 
Heloísa apresentou um histórico das conquistas das mulheres na história brasileira. A partir de uma linha do tempo, ela deu o exemplo da situação das mulheres no mercado de trabalho: "Nas forças de trabalho, você tem as mulheres ocupando 55%, quando chega aos cargos de direção, são 11%. Caso o ritmo se mantivesse, a igualdade de oportunidades e de salários só se tornaria realidade em 2085”, assinalou.

Na abertura da edição de maio do Pauta Feminina, foi lançado o livro “Ser Menina no Brasil Contemporâneo”, de autoria do professor Benedito dos Santos Rodrigues, do Instituto Indica.

Artur Hugen, com informações da Agência Câmara/Foto: Pedro França/Agencia Câmara