O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) rejeitou no início desta semana, que fará uma aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nas eleições presidenciais de outubro. Pré-candidato à Presidência, Dias se disse candidato “contra o sistema” e, portanto, não aceitaria ser candidato a vice-presidente do tucano.
“Eu não tenho esse direito [de desistir da cabeça-de-chapa], essa é uma missão que nós estamos assumindo”, afirmou, após participar de um almoço com empresários promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo. Segundo ele, o PSDB faz parte desse “sistema corrupto, que foi transplantado para estados e municípios” e que é baseado, avalia, em um Executivo que se desdobra para corromper o Legislativo.
Como informou a coluna Radar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso(PSDB) defendeu que Alckmin desistisse do plano de ter um vice-presidente nordestino e convidasse Dias para manter a extensa margem de voto que os tucanos tiveram na Região Sul nas últimas eleições. É o caso do Paraná, reduto histórico do tucanato, onde a candidatura do paulista está sofrendo para engatar – ele tem apenas 3%, contra 33% de Álvaro Dias, segundo levantamento de dezembro do instituto Paraná Pesquisas.
Por outro lado, o senador paranaense tem a mesma dificuldade para crescer no Sudeste. Em São Paulo, é a vez dele ter apenas 3%, enquanto Alckmin aparece em torno de 20% das intenções de voto. Questionado por VEJA se ambos podem acabar se anulando e se um precisará vencer o outro para chegar ao segundo turno, o pré-candidato do Podemos se esquivou da resposta.
“Nós estamos competindo, assim como todos os outros. É natural que na minha região eu seja mais conhecido, mas precisarei buscar votos em todo o país”, afirmou.
Ele também definiu a “descrença da população em relação aos políticos” como sua principal adversária e disse que, neste momento, pesquisas de intenção de voto interessam apenas para medir a rejeição. “A intenção de voto é volúvel, a rejeição não. Indica o potencial de crescimento de cada candidato”. Não por coincidência, ele é um dos menos rejeitados (13%, segundo o Datafolha em janeiro) – assim como um dos menos conhecidos – segundo levantamentos recentes.
Durante o evento com os empresários, causou boa repercussão a exaltação que o pré-candidato fez da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o fato de ele ter aberto mão de aposentadoria vitalícia como ex-governador do Paraná e a sua defesa de duas propostas de emenda à Constituição (PEC) de caráter moralizador.
A primeira, já aprovada pelo Senado mas parada na Câmara, é a do fim do foro privilegiado. A segunda, tal como defendido pelo juiz Sergio Moro no Roda Viva no começo do mês, buscava inserir explicitamente na Constituição a possibilidade de prisões a partir de condenação em segunda instância. Esta não chegou nem a tramitar e foi arquivada depois que dois senadores, que ele não identificou, desistiram de apoiá-la.
Aos executivos presentes, voltou a defender a aprovação de ambas, mas ressaltou que é impossível adotar novas PECs enquanto vigorar a intervenção federal no Rio de Janeiro, ou seja, até 31 de dezembro caso se respeite o prazo inicialmente previsto. A jornalistas, ele explicou que considera que a jurisprudência atual do Supremo já “se impõe”, mas que a nova emenda viria para “eliminar esse debate” e “legitimar de vez” as detenções provisórias.
Artur Hugen, com Guilherme Venaglia/Revista Veja/Foto: Veja
19 de Novembro, 2024 às 23:56