Após criticar a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por dar uma entrevista à emissora Al-Jazeera em que pedia apoio ao ex-presidente Lula, preso no começo deste mês, a senadora Ana Amélia (PP-RS) assumiu a presidência do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Reino da Arábia Saudita.
A Arábia Saudita cortou laços diplomáticos com o Qatar, país sede da Al-Jazeera, em junho do ano passado, sob a acusação de que Doha não adotou medidas suficientemente fortes contra o financiamento ao terrorismo. Além disso, o governo saudita demonstrou preocupação com o estreitamento das relações entre o Qatar e o Irã.
Declarações
“Só espero que, dada a gravidade do conteúdo dessa exortação publicada pela TV Al Jazeera para essa convocação ao apoio dos países do mundo árabe, não tenha sido também um pedido para que o Exército islâmico venha ao Brasil atuar aqui”, afirmou a senadora, na quarta-feira (18/04).
Ela disse esperar também que a declaração de Gleisi não tenha sido feitano intuito de “convocar o exército islâmico para vir ao Brasil fazer as operações de proteção ao partido que perdeu o poder, e agora parece ter perdido também a compostura”.
A associação de Amélia entre a emissora e grupos terroristas gerou críticas. A senadora também foi questionada sobre se teria confundido a Al-Jazeera com o grupo terrorista Al-Qaeda, o que ela nega.
O Grupo Parlamentar, que teve sua criação aprovada nesta terça-feira (17/04) pelo plenário do Senado, tem como finalidade incentivar e desenvolver as relações bilaterais entre os poderes Legislativos da Arábia Saudita e do Brasil. O autor do projeto é o senador Fernando Collor (PTC-AL) e a relatora foi a própria Amélia.
Opera Mundi enviou perguntas para a assessoria da senadora para saber se as declarações de Ana Amélia possuem relação com o fato de ela presidir o Grupo Parlamentar Brasil-Arábia Saudita. Em nota (veja integra abaixo), sem responder diretamente às questões, a senadora afirmou que não criticou a TV Al Jazeera.
Artur Hugen, com Ópera Mundi/Foto: Wikimedia Commons
Leia a nota na íntegra:
“Com respeito à verdade, faço estes esclarecimentos:
Nas minhas manifestações não há qualquer crítica à TV Al Jazeera, com sede no Catar! Minha crítica foi exclusivamente ao manifesto da Presidente do PT por ter denegrido a imagem do Judiciário, do Ministério Público e da imprensa brasileira. Em nenhum momento emiti qualquer opinião sobre a comunidade árabe. Basta ler ou ouvir as minhas manifestações feitas no Senado. Ao contrário, integro a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, onde os temas internacionais são rotineiros e variados e o respeito aos povos é um princípio básico.
Por oportuno informo que assumi a presidência do Grupo Parlamentar Brasil-Reino da Arábia Saudita nesta quinta-feira (19). No Rio Grande do Sul, que tenho a honra de representar no Senado, a comunidade árabe começou a ser formada com a chegada dos imigrantes sírio-libaneses, no século 18 e mais tarde vieram os palestinos colaborando intensamente com o desenvolvimento econômico, social e cultural, especialmente nas regiões de fronteira com Uruguai e Argentina. No ano passado integrei a comitiva do Ministério da Defesa em missão oficial no Líbano na visita à United Nations Interim Force in Lebanon (Unifil). Em outra oportunidade, também em caráter oficial, visitei Ramalah (Palestina). Quaisquer avaliações diferentes dessas são, portanto, tentativas de má fé para inverter os fatos, desconstruindo a realidade com notórios fins políticos, às vésperas do processo eleitoral brasileiro.”
19 de Novembro, 2024 às 23:56