Pela primeira vez, o Governo do Paraná se faz representar na Reserva Indígena do Ivaí, nos Campos Gerais. A afirmação foi feita pela governadora Cida Borghetti, neste domingo (20), durante encontro com a comunidade da aldeia.
“Pisamos no solo dessa comunidade indígena, onde vivem dois mil índios, com 400 famílias, para ouvir e ver de perto as reais necessidades desse povo tão histórico e que representa tanto para todos nós, brasileiros”, disse.
A aldeia se localiza no município de Manoel Ribas desde 1914 e preserva as tradições Caingangues, como a língua materna e o artesanato de bambu (cestas e balaios), que complementa a renda dos índios. “Isso faz com que a cultura permaneça viva na história do nosso país”, comentou a governadora.
Cida também destacou que pediu a presença de secretarias estaduais na Reserva Indígena do Ivaí para atender as principais demandas da comunidade. “Solicitamos à Cohapar, à Secretaria de Educação e à do Esporte e Turismo, para que se façam presentes em algumas demandas que entendemos como necessárias neste momento”, explicou.
De acordo com o vice-prefeito de Manoel Ribas, Moacir Comunello, a comunidade teve avanços, principalmente na educação. “É muito importante o apoio do governo para eles se desenvolverem e terem melhores condições de vida. Hoje já temos muitos indígenas fazendo faculdadecom estrutura do Estado, que vem melhorando”, afirmou.
A comunidade tem 14 times de futebol masculino e 11 de feminino, que disputam campeonatos com a cidade. O cacique Joel Brum destacou que depois do estudo, a atividade das crianças e jovens é o futebol.
“De sábado a domingo eles jogam direto e a visita da governadora é boa para toda a comunidade. Fizemos um documento com pedidos que a comunidade está precisando e ela recebeu para nos ajudar”, disse.
O Paraná tem uma população indígena de 26 mil pessoas. Do total, 3.800 famílias estão cadastradas nos programas sociais do Estado, como Família Paranaense e Luz Fraterna.
“O Brasil tem 10% de reserva indígena e é necessário que elas sejam exploradas da melhor forma no que oferecem, como turismo, agricultura e artesanato”, afirmou o deputado federal Ricardo Barros. “O trabalho de forma organizada e compatível com a cultura permite que todos tenham renda e melhorem a qualidade de vida”, completou.
Educação
O Estado mantém 37 escolas indígenas, tornando-se referência para o país na educação dessas etnias, segundo o centro de apoio às comunidades indígenas do Ministério Público.
As crianças da Reserva Indígena Ivaí se alfabetizam no colégio estadual Cacique Gregório Kaekchot. No ano passado, a escola recebeu R$ 100 mil do programa Escola Nota 1000, que foram usados para pintura e melhorias da estrutura, além da reforma completa de um dos três blocos.
A diretora auxiliar e moradora da aldeia, Marcia Anastacio, destacou a importância de fazer pedidos para a comunidade diretamente à governadora.
“Eu brigo pelos nossos direitos há muitos anos e fico agradecida por ter tido essa oportunidade”, disse. Marcia fez faculdade de pedagogia, pós-graduação em educação indígena e gestão escolar e educação especial. Ela explicou, ainda, que a metodologia de ensino na escola estadual preserva a cultura local. “Falamos a nossa língua materna na escola, que é a caingangue, e somente a partir dos 4 anos de idade nossos alunos aprendem a falar o português”, apontou.
Em 2010, havia 31 professores indígenas nas escolas da rede estadual do Paraná e hoje são 257 profissionais. As universidades estaduais abrigam atualmente 198 alunos indígenas. O Estado tem um vestibular exclusivo para os índios, que respeita seus etnosaberes e é pioneiro nesta forma de inclusão.
Presenças
Também participaram da visita à Reserva Indígena Ivaí o coordenador Regional João Carvalho; o vice-cacique da Aldeia, Domingos Zacaria;o superintendente da Paraná Projetos, Cylleneo Pessoa; e autoridades da prefeitura de Manoel Ribas.
Artur Hugen, com AERN/GPR/ Fotos: Arnaldo Alves / ANPr.
19 de Novembro, 2024 às 23:56