Profissionais de comunicação que fazem a cobertura política do Congresso e demais cidadãos interessados no tema acompanharam, nesta quinta-feira (24), o Seminário “O Legislativo e as Mídias Sociais – Desafios e Oportunidades de Comunicação”.
Realizado no auditório Petrônio Portella, o evento trouxe para discussão temas como o uso e a influência das redes sociais sobre o trabalho legislativo e o cenário político eleitoral.
Na abertura, a diretora da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Angela Brandão, destacou que a ideia de promover o encontro nasceu da vontade de atualizar os conhecimentos sobre o grande desafio que é a relação entre mídias sociais e política.
— Num almoço muito informal, eu e a Ana Novelli, diretora-adjunta da Secom, tivemos a ideia de fazer um grande seminário, convidar especialistas e oferecer isso para as nossas equipes e para os profissionais que lidam com comunicação com Congresso.
E é uma satisfação enorme ver, que a partir disso, essa ideia se transformou num seminário que mais de 600 pessoas se inscreveram — afirma.
O secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Mello, afirmou que a discussão sobre o impacto das mídias sociais no trabalho legislativo torna-se ainda mais importante por ser tratar de um ano eleitoral, já que o debate político nas redes sociais é uma preocupação latente no Congresso. Bandeira também falou sobre as regras para proteção de dados pessoais dos internautas.
— Ontem nós votamos, no Plenário do Senado, o projeto de Lei do Senado [PLS 330/ 2013], que trata da proteção de dados pessoais dos usuários na internet. O grande negócio das redes sociais são os nossos dados pessoais e nós temos uma legislação que ainda é tímida nesse sentido. E esse projeto vai regular de forma extensa em que medida esses dados podem ser usados — concluiu.
Representando a diretora-geral, Ilana Trombka, o diretor-executivo de Gestão, Márcio Tancredi, elogiou a escolha dos temas e comentou a importância de a Casa se posicionar como instituição do segmento Legislativo.
— Do ponto de vista do interesse da Casa, a discussão é de que forma as redes podem influenciar e qual é o destino da interação das redes e o nosso trabalho na fatura legislativa. Como a gente faz leis e como podemos usar as mídias sociais para agregar o cidadão ao debate legislativo. E o outro ponto é o cenário político eleitoral, já que estamos vendo coisas que no passado não existiam — disse Tancredi.
O diretor da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, David Miranda, falou sobre o desafio de fortalecer os canais de comunicação do Legislativo e de estar antenado às novas tecnologias.
— A gente tem que estar sempre nas mesas de discussão para tentar não perder o ‘bonde’ da comunicação. Esse tipo de discussão só enriquece e abre horizontes para vencer os desafios diários — salientou.
O encontro contou ainda com a presença do senador e presidente da Comissão Senado do Futuro, Wellington Fagundes (PR-MT). Segundo ele, é importante mostrar para os cidadãos o trabalho feito pelos servidores e parlamentares da Casa. Para isso, é importante “melhorar a comunicação com a população”.
O debate político nas redes sociais
O primeiro painel, intitulado “O debate político nas mídias sociais: estratégias e ética”, foi conduzido pelos pesquisadores Marisa von Bülow (Universidade de Brasília) e Fabrício Benevenuto (Universidade Federal de Minas Gerais). Os palestrantes trataram do poder de influência e a importância de ferramentas de transparência que exijam ética das plataformas e dos usuários das mídias.
Para Marisa, é fundamental envolver as outras plataformas virtuais no debate, não focando apenas nas mídias sociais. Outro aspecto importante, mas que não é o único que deve ser levado em consideração, são as fake news, afirmou Marisa.
— Por exemplo, como coibir práticas como a compra de comentários que buscam influenciar a discussão num determinado fórum de debate? O conteúdo dos comentários pode ou não ser fake news, mas é uma estratégia de fraude. Outro ponto importante é estudar os algoritmos presentes nas páginas de busca, quem recebe o que e o porquê — explicou.
Fabrício Benevenuto, coordenador do Projeto Eleições sem Fake, afirmou que várias mudanças no ecossistema de notícias vêm favorecendo campanhas de desinformação e disseminação de notícias falsas. Por isso, o pesquisador e o grupo de estudantes liderados por ele desenvolveram sistemas que visam transparência para o espaço midiático.
— Entre as mudanças ocorridas, nos últimos anos, estão o fato de as campanhas passarem a ocorrer nas redes sociais por meio de impulsionamento, prática liberada por lei para a propaganda aparecer na timeline de outra pessoa. O segundo problema é que as mídias sociais hoje são veículos de notícias, já que a maioria dos veículos usam como mecanismo de disseminação, e o terceiro são os perfis falsos e os grupos privados no WhatsApp — disse.
Cada rede em seu lugar
O segundo painel tratou das diferenças entre as redes sociais, com o tema “Cada rede em seu lugar: os melhores usos do Facebook, Twitter e Instagram”. Moisés Nazário, coordenador do Núcleo de Mídias Sociais do Senado, Tarso Rocha, chefe do Serviço de Gestão de Perfis e Conteúdo do mesmo núcleo, e Sara Reis, chefe do Serviço de Internet, analisaram as características das plataformas de redes sociais mais utilizadas e o que configura boas práticas de uso desses meios.
Moisés Nazário falou sobre as peculiaridades de cada rede social e sobre o perfil dos usuários. Segundo ele, no Facebook, as postagens são organizadas por engajamento e afinidade. Já no Twitter o critério é a ordem cronológica e o Instagram varia entre essas duas vertentes, mas com um forte viés cronológico.
Por fim, Sara Reis falou sobre o crescimento da página do Senado no Youtube, que é considerada a maior página de governo do país, e Tarso Rocha apresentou detalhadamente os demais perfis da Casa nas redes sociais.
Artur Hugen, com Editoria de Comunicação/Foto: Marcos Oliveira/AS
19 de Novembro, 2024 às 23:56