Profissionais da preservação da arquitetura moderna estiveram no Congresso para realizar uma visita especial, na última semana, a fim de conhecer as formas e construções do complexo arquitetônico, por dentro e por fora.
Ao todo, 27 arquitetos do Comitê Internacional para a Documentação e preservação de edifícios, sítios e unidades de vizinhanças do Movimento Moderno — Docomomo (International Working Party for DOcumentation and COnservation of Buildings, Sites and Neighbourhoods of the MOdern MOvement), da seção dos Estados Unidos, percorreram espaços como a Chapelaria, o Salão Negro, os plenários, as rampas de acesso, a plataforma de cobertura das cúpulas.
A visita foi realizada em parceria entre as áreas de visitação e infraestrutura, tanto da Câmara quanto do Senado.
De acordo com Juliano Loureiro de Carvalho, coordenador substituto da Coordenação de Projetos e Obras de Infraestrutura, e que foi um dos guias técnicos do grupo, o Docomomo Internacional tem como objetivo a preservação de importantes obras do Movimento Moderno, além de resgatar o interesse pelos ideais e herança do movimento e pela sua documentação. Ele explica por que a visita de representantes do órgão é importante.
— Apesar de o Congresso já ser inventariado pelo Docomomo como uma obra relevante para o modernismo, a presença desses profissionais aqui possibilita a troca de ideias e experiências em torno de um objetivo comum, que é a preservação da arquitetura moderna.
Uma das arquitetas do Docomomo americano, a brasileira Debora Machado Barros, responsável por organizar a vinda do grupo até o Brasil, revela que já estava planejando a visita há mais de três anos, mas, por conta de diversos problemas, isso não havia sido possível. Agora, o grupo vai passar dez dias conhecendo diversos ícones da arquitetura moderna em três estados brasileiros.
— Viemos estudar a arquitetura brasileira. Tivemos a oportunidade de conhecer alguns prédios como o Masp (Museu de Arte de São Paulo) e o Sesc Pompéia em São Paulo, e o MEC (Palácio Capanema) no Rio de Janeiro. Aqui em Brasília, já visitamos o Itamaraty, o Alvorada e o Congresso agora. Estamos visitando de quatro a sete prédios por dia. Essa viagem é, na verdade, uma campanha para continuarmos exercendo a atividade fim do Docomomo, de estudar e preservar essa importante e bela arquitetura que nós temos — informou.
Um dado interessante revelado por Debora é que esta visita ao Brasil vale 49 créditos educativos para os arquitetos nos Estados Unidos, já que lá, o Instituto Americano de Arquitetos (American Institute of Architects - AIA) exige um aperfeiçoamento constante dos profissionais, com a obtenção dos créditos educativos, mesmo após obterem o registro para exercer a profissão.
O presidente do Docomomo da seção dos Estados Unidos, Theodor Prudon, também esteve presente na visita e se encantou com o que viu.
— Essa é a quarta vez que venho ao Brasil e toda vez que estou aqui descubro algo novo. A arquitetura brasileira é muito complexa e singular, o desenho, a perspectiva, a construção. É um símbolo tão importante que em 1942 já havia exposição sobre a arquitetura moderna do Brasil no Museu de Nova York. Imagino que vocês tenham muito orgulho da arquitetura e dos arquitetos daqui — exaltou.
Docomomo Internacional
O Docomomo Internacional é uma organização não governamental, com representação em 69 países e possui mais de 3.000 filiados em todos os continentes por meio de suas representações no âmbito nacional. Fundada em 1988, na cidade de Eindhoven na Holanda, experimenta uma rápida expansão não somente no campo da preservação, alcançando o da cultura arquitetônica. Seus membros provêm das mais diversas áreas, unindo historiadores, arquitetos, planejadores urbanos, paisagistas, preservacionistas, professores, estudantes e órgãos públicos. Essa multidisciplinaridade fortalece a atuação do Docomomo Internacional.
Atualmente, está sediado em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian. Mais informações sobre o Docomomo: http://docomomo.org.br/internacional/
Docomomo Brasil
A seção brasileira foi criada em 1992, no Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia - UFBA (atual PPGAU/UFBA), seguindo a missão do Docomomo Internacional. A estrutura então proposta era de uma rede brasileira aberta a todos aqueles interessados na preservação da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo modernos. Esse formato de rede de pesquisa tem como objetivo a construção de uma organização nacional flexível para incluir não apenas pesquisadores, mas também profissionais de órgãos de preservação, de escritórios de arquitetura, jornalistas etc.
As principais ações do Docomomo Brasil são a realização de inventários, campanhas de preservação e divulgação de obras de arquitetura, urbanismo, paisagismo, engenharia e artes em geral do Movimento Moderno no Brasil, bem como pedidos de tombamento. Além de lutar contra a descaracterização e a destruição de obras representativas do Movimento Moderno no Brasil e apoiar ações semelhantes no resto do mundo.
Artur Hugen, com Editorias de Cultura; História; Arquetetura/Agência Senado/Foto: Flávio Lacerda/Comunicação Interna/Divulgação
19 de Novembro, 2024 às 23:56