A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) promoveu audiência pública nesta terça-feira (12) para discutir os impactos da crise dos combustíveis no agronegócio.
O debate foi proposto pelo deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-RS) e teve como objetivo mediar o impasse gerado pelo aumento do custo de transporte a partir da criação da tabela mínima de frete.
O encontro reuniu dirigentes de diversos setores do agronegócio e representantes dos caminhoneiros autônomos. “Ficou claro que ninguém é contra ninguém. Na verdade é uma cadeia que precisa encontrar uma solução, para que fique competitivo para todos os setores.
O diálogo segue entre essas partes importantes do processo econômico, que são os caminhoneiros, transportadores e os produtores agrícolas”, destacou o parlamentar.
Segundo o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Arney Antonio Frasson, a entidade estuda medidas judiciais para contestar a criação da tabela frete. O dirigente disse que os preços estipulados pelo governo provocaram a elevação dos custos, principalmente com relação aos negócios fechados antes da greve. Frasson revelou que apenas uma empresa acumula prejuízo de R$ 1,8 milhão. “É uma lei difícil de ser cumprida. E isso está acarretando atraso nos embarques. Estamos há um mês sem tirar milho dos nossos armazéns”, alertou. Frasson disse ainda que a situação está se voltando contra o próprio caminhoneiro autônomo, que não está sendo contratado para fazer o transporte de cargas.
Já o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Mendes, destacou que a logística de transporte no setor agroindustrial e frigorífico atende a uma série de peculiaridades e modalidades diferenciadas de veículos utilizados. E o valor do frete atende a uma planilha de custo semanal, numa relação de confiança e fidelização. Mendes acrescenta que, na questão dos grãos, a tabela de frete inviabiliza o transporte do milho produzido no Mato Grosso para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Isso teria um custo adicional de R$ 6 por saca. Mantendo essa tabela fica mais barato importar esse milho da Argentina”, ponderou. Mendes defendeu a substituição da tabela de frete mínimo por uma tabela referencial e pediu a abertura de um canal de diálogo entre a indústria e os transportadores na busca de uma solução de consenso.
Representante dos transportadores autônomos, Carlos Alberto Litti Dahmer ressaltou que a greve de dez dias que parou o Brasil aconteceu porque o caminhoneiro chegou ao limite extremo por conta da impossibilidade de se manter na atividade. “O governo deve sim influenciar quando seus custos não são pagos. E não é um tabelamento de frete. É um piso mínimo de frete que dê condição para manter seus custos”, argumentou. As discussões sobre a criação de uma tabela de frete mínimo seguem nesta quarta-feira (13), quando parlamentares, lideranças dos setores envolvidos e representantes do governo voltam a se reunir em busca de um entendimento.
Também participaram da audiência pública o consultor da área de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Fayet; o presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Jose Fernando Bello; o assessor técnico da Viva Lácteos, Gustavo Beduschi; o gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral; o assessor técnico da Federação das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (FETRANSUL), Lauro Valdivia; e o coordenador de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), Paulo Mustefaga.
Artur Hugen, com Apolos Paz/AI/Gabinete/Foto: Divulgação
19 de Novembro, 2024 às 23:56