Foi lançado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nesta semana, o Plano Nacional para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Feijão e Pulses. O ministro Blairo Maggi assinou portaria que define o plano e cria comitê gestor para fomentar a atividade.
Maggi destacou que, para aumentar a participação no mercado internacional do agronegócio, o país precisa diversificar as culturas, além da soja e do milho, investindo, por exemplo, na produção de feijões, leguminosas e frutas (que também já têm um plano em curso).
A iniciativa é resultado de parceria do ministério e das entidades do setor liderado pelo Conselho Brasileiro do Feijão e Pulses (CBFP) e pelo Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE).
Entre as metas do plano está a de ampliar em 5 quilos per capita ano o consumo de feijão no país; elevar a exportação em 500 mil toneladas anuais até 2028 de feijões e pulses (lentilha, grão de bico e ervilha) e incrementar em 20% a produção de variedades diversificadas de pulses, para abastecimento dos mercados interno e externo.
O Plano nasceu a partir da detecção da demanda crescente da Ásia por grãos secos, na viagem do ministro Blairo Maggi aquele continente em 2016. Os principais desafios à implementação são aumentar a capacidade de armazenagem; compensar a oscilação de preços, reforçar a sanidade vegetal; estimular o processamento e a industrialização para agregar valor aos produtos e; maior assistência técnica e extensão rural (ATER) pois a maioria dos produtores são de pequeno e médio porte.
A previsão de aumento das exportações, segundo o ministro é, especialmente, de produtos como grão de bico e ervilhas. "O Brasil tem uma grande oportunidade de fornecer a outros países, principalmente à Índia, onde estimam uma demanda em torno de 30 milhões de toneladas nos próximos 20, 30 anos. Isso significa uma área em torno de 10 milhões de hectares semeados. É renda para o produtor e um caminho para diversificar a produção".
A Índia está tendo um crescimento econômico muito grande, e população superior a 1 bilhão de pessoas, com renda melhorando e é um país basicamente em que não se come carne. São vegetarianos e, daí, então, o interesse que têm nesses produtos e a oportunidade que queremos aproveitar”.
Eumar Novacki, secretário-executivo do Mapa, destacou a parceria com a iniciativa privada e o trabalho desenvolvido pelo ministério para que o setor deslanche como o Agro+ lançado em 2016 e que acabou com cerca de 840 problemas que os produtores enfrentavam, entre medidos burocráticas e d eprocedimentos.
Cenário
A produção e o consumo de feijão no Brasil seguem estáveis há mais de 10 anos. Em 2011/12 a produção do grão era de 2,9 milhões de toneladas e na safra passada o volume era de 3,3 milhões de toneladas. A exportação de feijões somava 36.164 toneladas em 2012, e, no ano passado chegou a 106.330 t .
Um dos principais motivos da exportação quase simbólica de feijão, comparada aos outros grãos, é que a produção se concentra basicamente no feijão carioca, variedade que não encontra muita demanda no exterior. Até pouco tempo, o Brasil também tinha uma produção muito pequena de pulses.
Em contrapartida, há um mercado externo com demanda crescente por grãos secos, principalmente em países de maioria vegetariana, como a Índia. Da análise desse contexto, foi percebida oportunidade para o Brasil ampliar ainda mais sua carta de produtos para exportação.
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Artur Hugen, com Coordenação-geral de Comunicação do Mapa/Foto: Divulgação
Maggi: disputa EUA/China é muito prejudicial ao agronegócio brasileiro
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, voltou a afirmar nesta semana que a disputa comercial entre Estados Unidos e China pode ser prejudicial ao agronegócio brasileiro, especialmente, com a possível alta nos preços da soja no mercado interno.
Segundo Maggi, a tensão comercial entre os dois países, que se agravou nos últimos dias, só traz perspectivas negativas para o setor agropecuário do Brasil.
“O Brasil pode ter um prêmio [sobre a soja]. Cai Chicago, sobe o prêmio aqui e equipara um pouco para o agricultor brasileiro. Mas isso tem efeitos colaterais muito ruins na produção de carnes do Brasil”, destacou o ministro em entrevista na Câmara, após ser convidado para uma audiência na Comissão de Agricultura, que acabou sendo adiada.
O ministro disse ainda que à medida que o preço da soja, uma das matérias-primas para a ração animal, sobe, a produção brasileira de carnes de frango e suína no Brasil sofre consequentemente, pois aumentam os custos dos frigoríficos, que já vêm enfrentando dificuldades.
“E vamos perder esses mercados (de carnes) para os americanos ou qualquer um outro lá fora. Perdemos competitividade na área de proteína animal. Quando vamos recuperar isso? Quando os EUA e a China sentarem e resolverem”, disse ele.
Por fim, Blairo também disse que as processadoras de soja instaladas no Brasil também “perdem” com a eventual alta da soja no mercado interno, já que o farelo de soja perde competitividade nas exportações.
“Para mim, a atitude do Trump em relação ao agro é muito prejudicial ao agronegócio”, declarou.
Artur Hugen, com Valor Econômico/Revista Ferroviária/Fotos: Divulgação
19 de Novembro, 2024 às 23:56