(Brasília-DF, 11/11/2015) O 10º Encontro Nacional da Indústria (Enai) começou nesta quarta-feira (11), em Brasília. Mais de 2 mil empresários de todo o país participaram das palestras de abertura. A região Sul foi representada pelas federações da Indústria de Santa Catarina (Fiesc), do Paraná (Fiep) e do Rio Grande do Sul (Fiergs). Durante dois dias, os representantes da indústria debatem com ministros, parlamentares, empresários e especialistas o tema “Brasil: ajustes e correções de rota”.
A primeira palestra do dia ficou por conta do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Ele defendeu que uma reforma da previdência, avanços no sistema tributário, nas relações de trabalho e na regulação das concessões. E destacou a importância de os empresários se mobilizarem para viabilizar as reformas que vão elevar a competitividade da indústria. "O momento exige transformações abrangentes. É preciso que o setor público se comprometa com uma profunda melhoria do ambiente de negócios no Brasil. A agenda passa pelo reequilíbrio macroeconômico, pois a estabilidade e a previsibilidade são condições fundamentais para o crescimento. Mas o ajuste precisa ser rápido e cirúrgico para minimizar os custos que o acompanham”, declarou.
Federação de Santa Catarina
O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, liderou um grupo de mais de noventa empresários de Santa Catarina. Ele afirmou que a edição deste ano do Enai enfrenta o pior cenário político econômico de toda a história do encontro. Côrte lembrou o aumento na inflação e no índice de desemprego. Sugeriu medidas para mudar o quadro atual como as reformas tributária e da previdência e defendeu melhorias na lei trabalhista, “que hoje não estimula a geração de empregos. Pelo contrário: a legislação que nós temos hoje é um desestimulo a criação de novos empregos. Há um conjunto de medidas que precisam ser tomadas para que o país possa encontrar o caminho do desenvolvimento sustentável”.
Henrique Meirelles
Durante painel de debate com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o presidente Fiesc citou o primeiro-ministro da Índia, Shri Narendra Modi, para defender menos governo e mais governança. Côrte destacou que no caso brasileiro há hoje a conjunção de alguns fatores que tornam a crise mais séria. “Poderíamos falar de uma crise econômica, política e ética. Talvez estejamos nos aproximando de uma crise social em face do aumento acelerado do desemprego. Acho que também uma crise de governança. Está se acentuando uma paralisia no País”, disse.
Meirelles descreveu os principais entraves que atualmente limitam o crescimento potencial da economia brasileira. Entre eles, deu especial destaque à educação. Enquanto o país avançou no acesso da população ao ensino e no número de anos de estudo, destacou que a qualidade da educação brasileira ainda está defasada, quando comparada a de outras economias emergentes. “Esse é um componente muito importante da produtividade e um desafio sobre o qual as lideranças precisam ter foco e objetivos claros”, afirmou.
Federação do Paraná
O presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Edson Campagnolo, disse que o atual desafio é que o governo federal e o Congresso Nacional se sensibilizem e adotem uma agenda de reformas para o longo prazo. “Todo mundo está precisando de um norte, de um rumo. E a gente não vê isso nem por parte do Executivo nem do Legislativo”, explicou. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) também defende as mudanças. Os gaúchos trouxeram a Brasília uma comitiva com 67 participantes.
O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, falou aos industriais no primeiro dia de encontro. Ele disse que a agenda do governo para o desenvolvimento do Brasil contém os mesmos princípios e ações propostos pela indústria. "Nossas agendas são convergentes. Concordamos que o país precisa oferecer um ambiente de confiança e de segurança jurídica para os investidores", explicou.
( da redação com edição de Genésio Araújo Jr)