A Câmara aproveitou um dos maiores eventos de tecnologia do mundo - a Campus Party Brasília – para lançar o portal desafio.leg.br. O objetivo é atrair pessoas interessadas em propor soluções inovadoras para a Casa. Dois editais já estão abertos aos interessados.
O primeiro desafio ao público é propor um novo portal na internet que reúna de forma eficiente para o cidadão informações sobre proposições em tramitação, notícias do Parlamento e mecanismos de transparência e de participação popular. As propostas têm que ser apresentadas até o dia 15 de setembro. O primeiro lugar será premiado com R$ 150 mil; o segundo, com R$ 100 mil; e o terceiro, R$ 50 mil.
O segundo desafio é a criação de um aplicativo para tablets e celulares que torne o processo legislativo mais atraente à população. Neste caso, a premiação será de R$ 25 mil para o primeiro colocado, R$ 15 mil para o segundo e R$ 10 mil para o terceiro. A gestora do Portal Desafio, Dryade Shclarman, explica que o objetivo dessa nova modalidade de solução de problemas é permitir atrair talentos por toda a sociedade, e não apenas por meio da licitação tradicional, em que participam apenas empresas. “Podemos receber ideias geniais também de pessoas talentosas”.
Doutorando em Administração na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Luciano Ataíde ficou interessado em participar dos desafios. Ele já participou de outra competição tecnológica da Câmara – um ‘hackathon’ em que o tema era “Gênero e Cidadania”. Na ocasião, criou uma ferramenta para monitorar gastos públicos voltados às mulheres. “A Câmara está praticando algo inovador em termos de gestão ao convidar a sociedade e dar a qualquer cidadão a oportunidade de propor soluções tecnológicas”, afirmou Ataíde.
Além de montar um estande na Campus Party para divulgar esses concursos, profissionais da Câmara apresentaram palestras e workshops. Na apresentação “Mineração Cidadã com Dados Abertos na Câmara dos Deputados”, o público pôde conhecer uma ferramenta que permite a pessoas com conhecimentos básicos de programação receber automaticamente informações de seu interesse sobre votações, deputados e comissões e depois utilizá-las em tabelas, listas e aplicativos.
“Um estudante de ensino médio, por exemplo, poderá usar o Portal Dados Abertos para desmentir um boato no WhatsApp analisando melhor e compartilhando os dados corretos em seguida. Poderá também acompanhar os gastos do Parlamento sob um enfoque específico”, explicou o servidor Fabricio Rocha, do Centro de Informática da Câmara.
O cientista político Carlos Cabral disse que o Portal Dados Abertos será muito útil ao seu trabalho. Ele contou que, antes, precisava buscar manualmente cada informação sobre a atividade da Câmara, num processo demorado e propenso a erros. “Agora, com poucas linhas de programação, poderei buscar rapidamente esses dados, ver o que serve, mudar parâmetros de pesquisa e ir testando. Com esse ganho de tempo, poderei manter meu foco na análise propriamente dita dos dados, ou seja, o que eles significam”.
Professor de Ciência da Computação na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Nazareno Andrade já usava informações do Portal da Câmara em projetos realizados com seus alunos, como o “Quem me Representa". “Com os últimos ajustes apresentados aqui, considero a plataforma da Câmara a mais moderna em termos de fornecimento de dados abertos. Quero divulgá-la para que mais pessoas usem esses dados em projetos de controle social”, explicou.
Inteligência artificial
O serviço de dados abertos da Câmara também foi assunto da palestra “Machine Learning: padrões no jogo político”. Com ele, é possível usar ferramentas de inteligência artificial para descobrir padrões de comportamento de partidos e de parlamentares em votações.
A Campus Party também serviu para divulgar o trabalho do Laboratório Hacker. Com a iniciativa, criada em 2013, a Câmara passou a ser referência internacional em inovação no Parlamento. O Laboratório foi pioneiro ao atrair a contribuição de especialistas em tecnologia para ajudar a sociedade a usar os dados legislativos, conferindo transparência à Câmara.
Além de maratonas de hackers (hackathons), o Laboratório também tem outros projetos, como o Portal e-Democracia, que permite, por exemplo, audiências públicas interativas e discussões em fóruns.
Campus Party
Realizada pela primeira vez em Brasília, a Campus Party superou as expectativas iniciais de público. A organização esperava receber 40 mil visitantes, mas contabilizou 70 mil, além dos quatro mil “campuseiros” acampados no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Durante o evento, eles participaram de palestras, workshops e competições nas áreas de computação, robótica e empreendedorismo.
Artur Hugen, com informações e imagens da Agência Câmara
19 de Novembro, 2024 às 23:56