Senadores lamentaram a destruição do Museu Nacional. Localizado na Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristovão, no Rio de Janeiro, o museu criado por Dom João VI em 1818 foi consumido por incêndio na noite de domingo (2).
Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Eduardo Lopes (PRB-RJ) classificaram como incalculável a perda do acervo de cerca de 20 milhões de itens catalogados, que incluíam itens raríssimos, de todas as áreas do conhecimento humano. O presidente da Casa também se pronunciou. Eunício Oliveira manifestou tristeza pelo incêndio, que transformou em cinzas 200 anos de história brasileira — idade que o museu completou em 2018.
— Além de guardar peças do patrimônio nacional, o Museu Nacional era um símbolo no estudo da história natural da América Latina — comentou Eunício.
A falta de recursos direcionados ao museu foi enfatizada pelos senadores. Romário (Pode-RJ) disse nas redes sociais ser lamentável que apesar dos avisos de precariedade do museu, nada tenha sido feito para evitar o ocorrido.
— É muito triste ver um patrimônio histórico e cultural virar cinzas. Espero que parte deste acervo possa ser recuperada — disse Romário.
Nas redes sociais, Lindbergh afirmou que o museu agonizava, com graves problemas de manutenção, desde a redução orçamentária da verba pública, aprovada na forma da Emenda Constitucional 95, do teto de gastos.
Já o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) destacou, também pelo Twitter, que desde 2004 alertava-se para o fato de que o Museu Nacional sofria com o risco de incêndio, por falta de manutenção de suas instalações elétricas.
— O Brasil gastou com Copa, Olimpíadas, privilégios, mordomias, salários, subsídios. Não cuidou dos rumos do futuro, da memória, do passado. Queimamos o rumo, queimamos a história — criticou Cristovam, destacando a enorme perda para a humanidade.
Em Plenário, a senadora Regina Sousa (PT-PI) mencionou os cortes orçamentários que impactaram no funcionamento do Museu Nacional. Ela lembra que a instituição é de responsabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que, na situação de baixo orçamento, a manutenção do museu é naturalmente adiada, em detrimento, por exemplo, do pagamento de salários.
— São 200 anos de história que certamente não vão se recuperar nunca mais. Acho que é importante para abrir o olho da Comissão de Orçamento, que sempre também negligencia essa temática. Na hora dos cortes orçamentários, corta-se sempre na cultura — declarou.
Ex-ministra da Cultura (de 2012 a 2014), a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) disse que o incêndio foi uma tragédia anunciada, pois sempre faltaram recursos e investimentos necessários para a conservação e a segurança adequada das instalações.
— Os gestores fazem muito em vista do pouco que têm em mãos para administrar. Se quisermos evitar tragédias como essa, precisaremos contar com governos e ações que ousem colocar a preservação dos nossos museus em uma política de incentivo e de valorização à visitação — afirmou Marta.
Artur Hugen, com Agência Senado/Foto: Tânia Rego/ABr
19 de Novembro, 2024 às 23:56