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Turismo e culto às tradições gaúchas marcam Semana Farroupilha

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Rota turística Caminho Farroupilha, que revive a Guerra dos Farrapos, reúne atrativos históricos, culturais e comida típica do Rio Grande do Sul

Vai até o próximo domingo (23) a Semana Farroupilha, tempo de festa e culto às tradições para o povo gaúcho e época certa para turistas interessados em conhecer de perto a cultura do Rio Grande do Sul.

O ponto alto dos festejos, que tem nos Centros de Tradições Gaúchas (CTG´s) espalhados por todo o Brasil um dos principais palcos da comemoração, é o desfile cívico do dia 20 de setembro, data que marcou o início da Guerra dos Farrapos (1835-1845).

Em Porto Alegre, o tradicional Acampamento Farroupilha, no Parque da Harmonia, reúne milhares de tradicionalistas abrigados em “piquetes” desde o dia 7 de setembro com churrascos, rodas de chimarrão e projetos culturais sobre feitos históricos, origens, costumes, danças, usos, lendas e mitos gauchescos.

A concentração conta com açougue, padaria, supermercado, comércio de comidas típicas, artesanato e do vestuário típico, entre outros itens nativistas. O trato com o cavalo, as lidas campeiras, o churrasco, o fandango, a bocha, o chimarrão, o rodeio, a bota e a bombacha são hábitos e costumes que inspiram poetas, pajadores e gaiteiros.

“A cultura gaúcha é algo tão único no Brasil que virou também um produto turístico, reafirmado na Semana Farroupilha. Além de preservar seu patrimônio, o povo reconhece a importância e a relevância do turismo histórico e cultural para as comunidades. O Rio Grande do Sul é um exemplo nesse sentido de perpetuar as tradições”, disse o secretário nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do Ministério do Turismo, Bob Santos.

O Caminho Farroupilha é um desses atrativos que legitimam a cultura gaúcha. Em cada parada dos 14 municípios que formam o roteiro, o turista encontra um “pedaço” da Guerra dos Farrapos. Pela sua posição estratégica, a cidade de Piratini foi o centro das operações da revolução, sendo eleita a primeira capital da então declarada independente República Rio-grandense e hoje conta com o maior número de prédios remanescentes dos farrapos – entre eles, o Palácio do Governo Farroupilha, o Museu Histórico Farroupilha e a Casa de Garibaldi. Este último prédio histórico está de cara nova, depois de restaurado pelo IPHAN, e será entregue à comunidade nesta quarta-feira (19) com uma encenação que promete transmitir a sensação de reviver a revolução.

Nesse pedaço de chão de porteiras abertas para o visitante, o turista refaz o roteiro que foi o palco principal dessa história de dez anos de lutas, crenças e tradições preservadas em museus, casarões e prédios históricos, entre outros bens da tradição gaúcha. São patrimônios reforçados pelo turismo rural, atrativos naturais e a culinária com os cheiros e sabores característicos da cozinha campeira. Em busca da história que tanto orgulha os gaúchos, o turista vivencia as conversas junto ao fogo de chão, onde o chimarrão, passando de mão em mão, o churrasco, o fandango e a chama crioula enriquecem a experiência do visitante.

Percorrendo os Pampas ou navegando pela Costa Doce, nas águas do grande mar de dentro – a Lagoa dos Patos – o Caminho Farroupilha leva o turista por várias cidades, desde Porto Alegre, tomada pelos revolucionários, passando por Alegrete, uma das capitais da revolução; Bagé, Rosário do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel, Candiota, Pinheiro Machado, Dom Pedrito e Caçapava do Sul, que também sediou o governo revolucionário. Rio Grande e São José do Norte mostram a participação maçônica no conflito da então província do Rio Grande com o império. A Charqueada São João, em Pelotas, representa o peso da economia do campo no movimento, que contou com a adesão dos escravos. A cidade também sediou o Quartel dos Legalistas, isolados e contrários aos revolucionários.

Em São Lourenço do Sul, fica a Fazenda Sobrado, com visitação guiada, passeios a cavalo, de charrete e trilhas. O sítio histórico pertenceu a Anna Joaquina Gonçalves (DonAnna), irmã de Bento Gonçalves, líder do movimento, e era um ponto de encontro dos revolucionários. Já em Camaquã, uma das atrações é a visita à Estância da Figueira, propriedade que serviu como quartel general para os farrapos e que pertencia a Antônia Joaquina da Silva, outra irmã de Bento Gonçalves. Na cidade de Cristal, o principal ponto turístico é a própria Casa de Bento Gonçalves, com exposição da indumentária farroupilha. Ele chegou a ser proclamado presidente da República Rio-Grandense. Em Guaíba, fica o Hospital Farroupilha e o cenário composto pela casa de Gomes Jardim e o Cipreste Histórico, hoje patrimônio gaúcho. Foi onde os líderes farrapos planejaram a tomada de Porto Alegre.

Sete mulheres fazendo turismo 

Durante esta Semana Farroupilha, o Caminho das Missões, no Noroeste gaúcho, recebe um grupo de sete caminhantes que remete à “Casa das Sete Mulheres”, minissérie brasileira que retratou a união de sete mulheres pela causa Sulina. O roteiro turístico traz experiências sobre as origens do Rio Grande do Sul e apresenta a herança histórica dos chamados Sete Povos das Missões para a região.

De São Borja até Santo Ângelo, caminham: Leila Regina Feres, de São Paulo; Mariana Cunha Motta, de Curitiba; Inês Trombini; de Caxias do Sul; Helena dos Santos, de Canela; Andreia Bonato da Silva; de Porto Alegre; Eva Seloi Santos Sarmento, de São Leopoldo; e a missioneira Estelamaris Desordi. Elas estão percorrendo cenários naturais, históricos, culturais e espirituais da região, entre eles o sítio arqueológico das ruínas de São Miguel, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade.

O grupo vai percorrer as estradas por onde estiveram padres jesuítas e índios guaranis que, juntos, realizaram uma das mais emocionantes sagas de colonização do Brasil, na fronteira do Rio Grande do Sul com os países do Mercosul. A história foi um marco importante para a cultura gaúcha e segue preservada e valorizada pela comunidade e turismo local. Integram o roteiro turístico a Aldeia Guarani, o Museu das Missões, a Cruz Missioneira, a Fonte Missioneira, o Ponto de Memória Missioneira e o Pórtico com a escrita em guarani "CO YVY OGUERECO YARA", que significa "esta terra tem dono". As sete caminhantes também conhecerão, no ponto final do percurso, a Catedral Angelopolitana de Santo Ângelo, recentemente restaurada.

Artur Hugen, com Mtur/Fotos: Divulgação