Alcançar a presidência da Abav Nacional não era prioridade na vida de Geraldo Rocha quando o ano começou. Se alguém sugerisse a ele o posto, ouviria de volta em tom de brincadeira para que essa praga não fosse rogada. “Foi uma responsabilidade que nunca tive vontade, que não era um sonho”, contou o presidente.
Lançado o tal agouro, a vaga ficou aberta com a saída de Carlos Palmeira e a diretoria decidiu por nomear Rocha. “É desafio? Então deixa comigo”, respondeu, para acrescentar: “agora não reclamem que eu não vou parar mais.”
A um dia do grande desafio de seu primeiro ano à frente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, Geraldo Rocha é um misto de orgulho e otimismo. “Quando eu assumi, o meu sonho era que quisessem um estande e eu respondesse que não dava, que estava cheio”, conta, para logo se gabar por ter realizado o objetivo.
Se em uma ponta a Abav já é sucesso, atraindo expositores, com destinos inéditos, grandes companhias e propondo cada vez mais ser uma feira de negócios, do outro lado, a ponta dos agentes de viagens, o engajamento não deixa por menos.
Na última sexta-feira (21), a organização já contabilizava 20 mil inscrições – 20% a mais do que no ano passado, em números absolutos (isso porque as inscrições nesta edição são feitas por CPF, são únicas, sem chance de participantes replicados como em anos anteriores).
No segundo tempo
Rocha é franco ao afirmar que pegou “o jogo em andamento, com a programação iniciada”. Ainda assim, na posição de vice-presidente da chapa anterior e agora como presidente, ele foi capaz de influenciar em algumas decisões nesta edição. “Queremos agilidade no atendimento, partindo do básico”, afirma.
“Na portaria, teremos catracas em que a entrada será feita passando o crachá”, conta Rocha, destacando a importância de ter dados sobre a movimentação e a contagem das pessoas. “Já deixei avisado que vou querer sempre alguém do lado para interferir em caso de falhas, não quero ninguém reclamando de problemas, quero tudo com agilidade”, promete.
Sobre uma questão latente na última Abav realizada no Anhembi (2015), o calor excessivo pela falta de ar condicionado, Geraldo Rocha torce por temperaturas mais amenas durante a semana. “Deve chover, vai ajudar um pouco. Tem que pedir para o pessoal ir com roupas leves”, sugere o dirigente, que não promete um ambiente dos mais frescos ao longo da feira.
A escolha do Anhembi, no entanto, ganha explicação. Com um crédito de R$ 1,2 milhão já investido e na iminência do valor ser “perdido” com o leilão do espaço, a solução foi realizar logo a Abav no equipamento. “Se alguém reclamar, tem uma questão técnica e financeira para justificar a ida. Eu não podia simplesmente abrir mão desse dinheiro”, explica.
Análise de mercado
Sobre o sentimento do mercado em relação ao Turismo, o presidente da Abav diz serem “complicadas” as incertezas econômicas e políticas do País. Ao mesmo tempo, seu lado otimista não deixa de ver a expansão na malha das quatro maiores companhias aéreas nacionais.
“Todas elas lançaram voos internacionais. Eles não estão botando voos novos porque acham bonito, é porque o mercado está respondendo, reagindo, crescendo.”
Um grande enfoque desta edição da Abav Expo é o uso da tecnologia – essa era digital nos negócios turísticos também foi abordada recentemente pela vice-presidente da Abav e presidente da Braztoa, Magda Nassar. Geraldo Rocha lembra que, para muita gente no passado recente, “a internet iria acabar com a gente, mas pelo contrário”. “A internet não é nossa inimiga, meu passageiro sente falta desse contato pessoal. O cliente fecha com a gente porque confia, porque sabe que conseguimos o melhor preço, a melhor negociação.”
A 46ª Abav Expo Internacional de Turismo e 50º Encontro Comercial Braztoa acontece entre os próximos dias 26 e 28, das 12h às 20h, no Anhembi.
Artur Hugen, com Panrotas/Foto/ABAV
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19 de Novembro, 2024 às 23:56