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Brasil integra novo corredor turístico sul-americano

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Um dos símbolos remanescentes mais emblemáticos do período das reduções jesuíticas é o sino que ficava no alto da torre da igreja e hoje está exposto no Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo

O Ministério do Turismo recebeu do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) o aval para a aprovação do projeto brasileiro que compõe o acordo internacional para integração da rota jesuítica das Missões.

A implementação das ações começa em novembro, com o lançamento dos editais internacionais de licitação para execução do plano de marketing integrado, promoção e apoio à comercialização da rota multidestinos.

O sinal verde foi dado após um longo período de negociações liderado, da parte brasileira, pelo Departamento de Ordenamento do Turismo do MTur.

As ações preparam os cinco países signatários para integrar e lançar um grande corredor turístico no âmbito da parceria entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

A rota conecta 19 ícones da história da colonização jesuítica na região, reconhecidos pela Unesco como patrimônios mundiais da Humanidade, além de sete áreas naturais protegidas.

Entre as ações que devem ser desenvolvidas até outubro de 2020 estão o desenvolvimento de um portal web do Corredor das Missões Jesuíticas (CMJ), a criação de um observatório de estatísticas de turismo do roteiro internacional e um concurso para selecionar projetos privados de caráter inovador, voltado especialmente a microempreendedores individuais, pequenas empresas e startups ligadas ao turismo na região.

O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, avalia que a parceria “é um modelo de integração de projetos públicos e privados, viabilizando ações de alto impacto inclusivo e gerando novos negócios, produtos e serviços turísticos na região”. Ele defende que as ações de apoio à inovação empresarial ao longo do CMJ geram um novo ecossistema econômico para o desenvolvimento de MPEs nas regiões brasileiras envolvidas no projeto. “A internacionalização no turismo traz novos modelos de gestão e inovação, forte fator de indução do desenvolvimento”, acredita Lummertz.

O BID, que destinou US$ 500 mil para a elaboração do planejamento das ações de apoio à rota integrada, classifica o Corredor das Missões Jesuíticas (CMJ) como um dos mais amplos do mundo, equiparável ao peso histórico e cultural da Rota da Seda, da Ferrovia Transiberiana e da Rota 66 norte-americana.

De acordo com o banco, o projeto foi identificado como uma oportunidade de impulsionar o desenvolvimento turístico regional, alinhada à política de trabalho da instituição. A avaliação do BID é que o apoio à elaboração do estudo dê origem a projetos futuros que potencializem o mercado de viagens em toda a região do Cone Sul.

Um estudo da Organização Mundial do Turismo apontou que projetos transnacionais baseados em produtos turísticos compartilhados são mais efetivos para impulsionar a integração regional que projetos de outros setores econômicos.

Para Marcos Mattos, secretário-executivo da Funmissões, entidade-membro do Conselho Diretivo de gestão internacional do CMJ, “tirar a integração do papel é criar uma nova matriz econômica para a região. A gestão pública e os parceiros privados amadureceram e estamos todos investindo na força desta ideia. O objetivo é fazer com que os destinos deem as mãos e trabalhem juntos pelo desenvolvimento. Jamais conseguiríamos fazer isso sozinhos sem o apoio decisivo do MTur e do BID”, destacou.

O projeto também apoiará a revisão de marcos de harmonização turística regional, como os trânsitos fronteiriços, para facilitar o fluxo de visitantes entre países.

Infraestrutura

O acordo internacional de cooperação técnica fortalece os projetos de infraestrutura que serão financiados pelos países no âmbito do Programa Global de Crédito do Banco Interamericano de Desenvolvimento (PGC-BID).

Em agosto de 2017, durante a primeira reunião do Conselho Executivo da Rota Jesuítica Internacional da América do Sul, a assinatura da carta de adesão do Brasil PGC-BID foi o marco inicial da integração regional dos países envolvidos. O valor total da iniciativa é de US$ 100 milhões e será distribuído em ações de infraestrutura turística para as cinco nações parceiras.

Da parte do Brasil, uma das obras previstas é a construção da Ponte Internacional Porto Xavier (Brasil) – San Javier (Argentina).

Roteiro 

A imponência e importância histórico-cultural das Ruínas de São Miguel das Missões (RS), no Noroeste gaúcho, garantiram ao conjunto remanescente dos Sete Povos das Missões Jesuíticas o título de patrimônio cultural da humanidade concedido pela Unesco. O local fez parte da história da Companhia de Jesus, que tinha o objetivo de doutrinar e catequizar a população indígena da região.

Também integram o roteiro turístico, na parte brasileira, a Aldeia Guarani, o Museu das Missões, a Cruz Missioneira, a Fazenda da Laje, a Fonte Missioneira, o Ponto de Memória Missioneira e o Pórtico com escrita em guarani – CO YVY OGUERECO YARA, que significa "esta terra tem dono". A Catedral Angelopolitana de Santo Ângelo e os Sítios Arqueológicos de São João Batista, São Lourenço e São Nicolau estão na lista de outros atrativos do circuito.

Uma curiosidade é que as missões eram compostas basicamente de igreja, colégio, oficinas, cemitério, cotiguaçu (casa grande das viúvas que, entre outras atribuições, cuidavam dos órfãos) e hospedaria. Em volta da missão, as casas dos nativos formavam a redução indígena. O modelo de sociedade das reduções jesuítico-guaranis de 1627 é considerado, por alguns historiadores, “a primeira cooperativa do mundo”.

Ministro diz que paradoso do Brasil é "querer empregos, mas se contra as empresas

Em palestra, Lummertz afirmou que alta carga burocrática joga contra o desenvolvimento do País

Em palestra ao Grupo de Líderes Empresariais de Santa Catarina (LIDE) nesta terça-feira (23) em Florianópolis, o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, fez duras críticas à "burocratização, à judicialização e ao custo Brasil", o que ele classificou como "pensamento contrário ao empreendedorismo".

Segundo ele, esses entraves jogam contra o desenvolvimento nacional e “fazem deste um país travado, fechado ao mundo”, sem o amadurecimento do ambiente de negócios que pode atrair investimentos de alto quilate.

O ministro afirmou que apesar do ambiente de negócios desfavorável, o turismo brasileiro vem crescendo mais rápido que a própria economia do país. Segundo o Estudo de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, enquanto a economia brasileira ocupa a 72ª posição no ranking geral de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, somos o 27º do mundo no Ranking de Viagens e Turismo da entidade. "Ou seja, o turismo é três vezes mais competitivo do que a economia global do Brasil. E esse dado é histórico: não é de hoje que o PIB do turismo cresce mais que a própria economia”, comparou.

Lummertz também falou do movimento "Turismo, nosso trabalho gera empregos" ao destacar que o setor é o que tem mais condições de criar postos de trabalho nos próximos quatro anos no Brasil. “Enquanto na indústria a automação aumenta a produtividade mas diminui o número de empregos, no turismo a tecnologia e a inovação geram cada vez mais empregos, porque na medida que você facilita as condições para que o turista viaje, mais gente é contratada para atender essa demanda”, explicou.

O ministro ainda prestou contas dos avanços obtidos pelo turismo brasileiro este ano. Citou a implantação dos vistos eletrônicos, que ampliou em 40% o movimento de visitantes dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália; a desregulamentação dos voos charter; o aumento de 90 para 180 dias nos vistos de trabalho das tripulações de navios de cruzeiro; e as medidas que estão em pauta na Câmara dos Deputados, como a transformação da Embratur em agência e a abertura do capital das companhias aéreas.

Artur Hugen, com Vanessa Sampáio/MTur/Fotos: Jefferson Bernardes/Roberto Castro/Banco de Imagens MTur