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Quais são os cenários para o governo Bolsonaro, diz Adriano Oliveira

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Presidente eleito Jair Bolsonaro e o seu ministro Chefe da Casa Civil, gaúcho Onix Lorenzoni

O sucesso eleitoral de Jair Bolsonaro está na categoria do imponderável. Tal categoria não é novidade em eleições. Às vezes, o imponderável é observado, tanto em eleições municipais como estaduais. Desta vez, após período de regularidade, o imponderável aconteceu na disputa presidencial.

A partir de janeiro de 2019, o governo Bolsonaro começa. E ele terá diversos desafios imediatos, os quais não podem ser adiados. O principal desafio do futuro presidente está no âmbito da economia. É necessário reformas para que elas possibilitem a superação da crise econômica. Caso o governo Bolsonaro não priorize a agenda econômica, ele poderá ser punido pelos eleitores.

O presidente eleito, até o instante, fez a opção de insistir na agenda moral. E não é claro quanto à agenda econômica. Qual agenda será priorizada? O caminho da agenda moral pode até trazer relativa popularidade para o governo Bolsonaro. Mas não será suficiente para lhe trazer popularidade e governar com tranquilidade. A agenda econômica, independente da agenda moral, tem condições de trazer, inicialmente, impopularidade, mas em breve futuro, a popularidade aparecerá.

Defino como agenda moral os debates sobre posse de armas, Escola sem partido e resgate da família. O debate sobre tais temas tem o poder de entreter parte dos eleitores e de provocar forte dispêndio de energia por parte do governo Bolsonaro no Congresso, no espaço midiático e na opinião pública. O debate econômico também. Mas, ao contrário do debate moral, a melhoria dos indicadores econômicos e o retorno do bem-estar de parte majoritária dos eleitores contribuem para o crescimento da popularidade do futuro governo.

Com o objetivo de vislumbrar possibilidades, repito, vislumbrar possibilidades, construo, neste instante, três cenários para o governo Jair Bolsonaro:

  • cenário 1: o governo Bolsonaro privilegia pautas econômicas. Prioriza a reforma da Previdência. O relacionamento com o parlamento e a imprensa é profícuo. Inicialmente, o governo conquista relativa impopularidade. Mas, em seguida, em razão do bom desempenho do mercado e do crescimento econômico, com geração de empregos, o governo Bolsonaro conquista popularidade e adquire condições de ser reeleito. O bolsonarismo positivo se consolida em grande parcela do eleitorado;
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  • cenário 2: o governo Bolsonaro prioriza as pautas morais. Gerencia as pautas econômicas. Incipiente reforma da Previdência é aprovada. O crescimento econômico não ocorre. A relação com o parlamento e a imprensa é tumultuada, conflituosa. Parlamentares mostram contrariedade com ações do Ministério da Justiça. O presidente Bolsonaro usa as redes sociais para se comunicar com o eleitor e responsabiliza a classe política pela não recuperação econômica. O bolsonarismo negativo (rejeição) se consolida em grande parcela do eleitorado;
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  • cenário 3: o governo Bolsonaro prioriza pautas morais. Nenhuma reforma da Previdência é aprovada. A crise econômica persiste. Relação conflituosa entre o presidente da República, Congresso e imprensa. Crises políticas fortes passam a ocorrer com frequência. Manifestações pujantes contra o governo acontecem. O impeachment passa a ser visto como alternativa por parte da classe política.

Diante dos cenários, os atores escolhem como agir. Neste caso, os atores podem construir o cenário mais adequado. Qual cenário, o presidente Bolsonaro escolherá?

Artur Hugen, com Adriano Oliveira/Poder 360º/Foto: Divulgação