Puxadas por soja, milho e produtos florestais, as exportações brasileiras do agronegócio voltaram a registrar crescimento expressivo em novembro. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) compilados pelo Ministério da Agricultura, totalizaram US$ 8,4 bilhões, 18,3% mais que no mesmo mês do ano passado.
Na mesma comparação, e impulsionadas pelo trigo, as importações tiveram aumento de 2,2%, para US$ 1,2 bilhão. Assim, o superávit setorial ficou em US$ 7,2 bilhões, incremento de 21,4%. O valor dos embarques do agronegócio representou, segundo o ministério, 40% do total exportado pelo país no mês passado, ante 42,4% em novembro de 2017.
Como já haviam apontado dados divulgados no início do mês pela Secex, o destaque do setor foi a manutenção do ritmo forte de exportações de soja, embora novembro seja um mês de entressafra no qual normalmente essas vendas são mais modestas.
Segundo o ministério, o grão e seus derivados lideraram a pauta e geraram US$ 2,5 bilhões em divisas, 97,5% mais que em novembro do ano passado. Em seguida vieram carnes (US$ 1,3 bilhão, queda de 2,5%), produtos florestais (US$ 1,2 bilhão, aumento de 18,6%), cereais, farinhas e preparações (US$ 761,4 milhões, alta de 29,5%) e açúcar e etanol (US$ 638,6 milhões, baixa de 26,4%).
Para o avanço das exportações do complexo soja, informou o ministério, pesou a disparada dos negócios com o grão. Esses embarques alcançaram 5,1 milhão de toneladas, 136,6% mais que no mesmo mês de 2017 e um recorde para meses de novembro. Além disso, o preço médio do produto subiu 3,8%, para US$ 395 por tonelada, informa levantamento divulgado pela Pasta.
Esse resultado foi diretamente influenciado pela demanda da China, muito mais aquecida que o normal para o mês em virtude das disputas comerciais entre Pequim e Washington, que têm provocado a retração das compras chinesas do grão americano.
E graças a esse movimento, a China ampliou sua liderança como principal destino das exportações brasileiras do agronegócio. A fatia das compras do país asiático (US$ 2,9 bilhões) no total chegou a 34,5% no mês passado, ante 18% em novembro de 2017.
Essa grande participação chinesa também é sustentada pelas carnes, mas, no total, as exportações brasileiras diminuíram nessa frente - 2,5% na comparação, para pouco menos de US$ 1,3 bilhão. Essa queda foi determinada por reduções nas áreas de carnes de frango e suína, apenas parcialmente compensados por uma melhor performance da carne bovina.
Segundo o ministério, as exportações brasileiras de carne bovina atingiram US$ 617,8 milhões, 4,8% mais que em novembro de 2017. No caso da carne bovina in natura, houve um novo recorde para o mês (US$ 521,8 milhões).
Com os resultados de novembro, os embarques do agronegócio do país alcançaram US$ 93,2 bilhões nos primeiros 11 meses deste ano, 4,6% mais que em igual intervalo de 2017, também impulsionados pelo mutualismo entre Brasil e China na soja em grão.
No período, as exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) atingiram US$ 38,7 bilhões, 26,8% acima do montante observado de janeiro a novembro do ano passado. Não por coincidência, a participação da China no total exportado pelo setor chegou a 35,6%, ante 28,2% no mesmo período de 2017.
O Ministério da Agricultura destacou, finalmente, que no período de 12 meses encerrado em novembro as exportações setoriais alcançaram US$ 100,1 bilhões, marca histórica alavancada mais pelo incremento dos volumes vendido do que pelos preços. Mas ainda não foi um novo recorde: de dezembro de 2012 a novembro de 2013, os embarques somaram US$ 100,7 bilhões.
Artur Hugen, com Revista Ferroviária/Valor/Foto: Divulgação
19 de Novembro, 2024 às 23:56