São muitos os desafios na área econômica para o novo governo, iniciado em 1º de janeiro. Deputados e especialistas destacam que a gestão Jair Bolsonaro terá de elaborar um plano de ação claro caso queira, de fato, enfrentar temas espinhosos, como as reformas tributária e da Previdência, a fim de fazer o País crescer.
“Por um lado, temos elevado desemprego e baixo crescimento do PIB; por outro, contamos com uma inflação baixa e controlada, além de elevadas reservas internacionais no Banco Central. O que falta é colocar a economia para se movimentar”, afirma o economista Carlos Eduardo de Freitas, ao fazer um panorama da situação brasileira atual.
Uma das reformas consideradas necessárias, a tributária, já foi aprovada em comissão especiale está pronta para ser votada no Plenário da Câmara. A proposta extingue dez tributos e, em seu lugar, cria dois impostos sobre bens e serviços.
Relator do texto, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) ressalta que o governo Bolsonaro precisará ter habilidade para negociar suas pautas. “O presidente tem de apresentar ao Congresso e à Nação seu plano de reforma do Estado. Falta dinheiro para saúde, educação e segurança”, afirma.
“É necessário fazer muitas mudanças para melhorar a economia nacional. No Brasil, não basta crescer 3%, que é a média mundial. Temos de crescer o dobro, pois a renda per capita está baixíssima”, acrescenta Hauly.
Despesas
Outro entrave a ser enfrentado pelo Executivo é o deficit fiscal no Orçamento de 2019 – que pode chegar a R$ 139 bilhões.
O deputado Enio Verri (PT-PR) cita também a a Emenda Constitucional do Teto de Gastos, que limitou o crescimento das despesas do governo brasileiro durante 20 anos.
Segundo Verri, a falta de experiência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no setor público pode pesar. “Se ele não se articular com setores da sociedade, não ouvir, em especial, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, os seus projetos não serão aprovados e, consequentemente, aquilo que ele fala que vai fazer não se realizará”, comenta.
“Esse desconhecimento de como funciona a máquina pública terá um custo político para o governo Bolsonaro e um custo social para toda a população”, prossegue o parlamentar.
Previdência
Na visão do economista Carlos Eduardo de Freitas, a reforma da Previdência, que vários setores da sociedade consideram a mais urgente, merece ser vista com cautela. “A pressa pode fazer com que seja aprovada uma reforma ruim, que vai gerar uma repercussão negativa daqui a quatro, cinco anos, o que exigirá novas correções. É perigoso mudar a Previdência a toque de caixa”, diz.
O novo Congresso Nacional eleito, que votará as medidas econômicas do governo Bolsonaro, inicia suas atividades em 1º de fevereiro.
Artur Hugen, com Agência Câmara Notícias/Foto: Marcos Santos/USP Imagens
19 de Novembro, 2024 às 23:56