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MMA reforça ações para conter danos ambientais

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Equipes do Ibama e do ICMBio atuam na área devastada pela lama da barragem

Equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculados ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), fazem o monitoramento e avaliação dos danos ambientais na região atingida pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da empresa Vale S.A.

Nesta terça-feira (29), mais 13 técnicos – dez do Ibama e três do ICMBio – se juntam aos cerca de 20 servidores que já se encontram no local para ampliar as vistorias que vêm sendo feitas nos pontos de interesse ambiental – matas nativas e ciliares, cursos d´água e áreas de ocorrência de fauna nativa silvestre ameaçada de extinção. A ideia é salvar os animais e procurar reduzir os impactos da lama tóxica na vegetação.

Segundo a coordenadora-geral de Emergências Ambientais do Ibama, Fernanda Cunha, técnicos do órgão, acompanhados de servidores da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas (Semad), fazem diariamente dois sobrevoos ao longo da calha do rio Paraopeba para observar o deslocamento da pluma de contaminação.

Rio São Franmcisco

A preocupação é que a lama tóxica atinja o rio São Francisco, na altura da represa de Três Marias. Até esta segunda-feira (28), de acordo com Fernanda, as informações eram de que a pluma havia se deslocado cerca de 55 quilômetros no rio Paraopeba, mas vinha perdendo velocidade e começava a se dissipar. Nesse ritmo, a expectativa é que os rejeitos da mineração levem em torno de dez a 15 dias, no mínimo, para chegar à represa.

Desde sábado (26), técnicos do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), do ICMBio, estão na área da represa. Todos os dias, eles fazem a coleta e avaliação de amostras da água para detectar possíveis impactos dos sedimentos na ictiofauna (peixes). Até agora, não há qualquer sinal que indique a presença de resíduos tóxicos.

Nesta terça, está prevista a chegada à região de especialistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Antífibios (RAN) e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado (CBC), do ICMBio, para ajudar nos trabalhos, segundo informou o diretor-substituto de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (Diman) do Instituto, Ricardo Brochado.

Unidades de conservação

O ICMBio mantém em Três Marias uma unidade de conservação de proteção integral, a Estação Ecológica (Esec) de Pirapitinga. A unidade fica numa ilha no interior da represa. Além de servir a pesquisas sobre a ictiofauna, a unidade é responsável por projeto de recuperação da vegetação do Cerrado.

O ICMBio está monitorando também outras duas unidades de conservação que ficam próximas ao local do incidente, em Brumadinho. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Inhotim e a Floresta Nacional (Flona) de Paraopeba. A RPPN fica bem ao lado da barragem, mas não foi atingida pelos dejetos. A Flona também apresenta pouco risco porque entre ela e o curso do rio há um cinturão de proteção formado pelo núcleo urbano do município de Paraopeba, informou Ricardo Brochado.

Terra indígena

Os técnicos do Ibama e ICMBio farão, ainda, nesta terça-feira, junto com funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), vistoria numa Terra Indígena (TI) da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, situada no município de São Joaquim de Bicas, vizinho ao local da tragédia. Há informações de que a água do rio Paraopeba, que banha a TI, começou a sofrer alterações nos dias seguintes ao rompimento da barragem.

Servidores da Funai relataram que cerca de 80 indios vivem na aldeia Naô Xohã e teriam limitações de acesso a água potável. A aldeia surgiu a partir da ida dos Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, há muitas décadas, para Minas Gerais, com o intuito de vender artesanatos e de fugir das ameaças geradas pelas disputas fundiárias com fazendeiros no sul da Bahia. 

Providências

Logo após o incidente, na sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobrevoaram, junto com o presidente da República, Jair Bolsonaro, a área em que ocorreu o rompimento da barragem de rejeitos operada pela Vale.

Desde então, representantes do Ibama e do ICMBio estão integrando o Posto de Comando (PC) montado em Brumadinho, sob a coordenação da Defesa Civil do estado de Minas Gerais, responsável por todas as ações locais, com o apoio do Gabinete de Crise instaurado no Palácio do Planalto, em Brasília.

O MMA disponibilizou helicópteros, viaturas (pick up 4x4) e corpo técnico especializado para reforçar o grupo de especialistas em ações de resposta a acidentes e na avaliação dos danos ambientais.

No sábado, o Ibama lavrou cinco autos de infração contra a empresa Vale S.A. – Mina Córrego do Feijão, totalizando R$ 250 milhões. Os valores correspondem ao teto da multa estipulada pela Lei de Crimes Ambientais.

Artur Hugen, com  Elmano Augusto/ Ascom MMA, com informações do ICMBio e do Ibama/Foto? Divulgação

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