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Entenda como um grupo de ativistas compra ações da Vale para denunciar a mineradora

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Coletivo informou à Comissão de Valores Mobiliários que a empresa escondia riscos socioambientais de projetos

Um grupo de acionistas da Vale denunciou a própria mineradora, na última quarta-feira (30), na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão vinculado ao governo federal responsável pela fiscalização e regulação do mercado da bolsa de valores.

Segundo eles, a CVM deve punir a empresa por enganar os investidores ao omitir riscos e informações relevantes sobre seus negócios em Minas Gerais, no Pará e no Maranhão.

A iniciativa da denúncia é da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, uma rede de entidades composta por sindicatos, movimentos de quilombolas, organizações não governamentais, movimentos populares e ambientalistas.

Há sete anos, uma das estratégias do grupo é a intervenção na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de Acionistas da Vale, explica Carolina de Moura, integrante do Movimento Águas e Serras de Minas Gerais e presidente da Associação Comunitária da Jangada.

"A gente compra ações da empresa para poder entrar na assembleia. A gente estuda os relatórios de administração, a política, o mercado global e faz votos contrários aos relatórios que a empresa aponta mostrando falhas em documentos deles, com base no que a gente acompanha nos territórios", relata a militante.

A assessoria de imprensa da CVM confirmou o recebimento da denúncia. Segundo o órgão, o próximo passo é a análise se caso deve ser levado a julgamento. Se prosseguir para o júri, um colegiado vai analisar o mérito da denúncia.

Caso seja considerada procedente, as punições estão previstas artigo 11 daLei 6.385, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários, podendo ser aplicadas advertências, multas, inabilitação temporária ou proibição temporária.

A própria CVM abriu dois processos administrativos para apurar comunicações feitas pela mineradora Vale relativas à tragédia de Brumadinho. A mineradora já foi processada nos Estados Unidos por omitir informações a seus acionistas sobre a situação de instabilidade da Barragem do Fundão, em 2015.

As ações da empresa caíam 24% no primeiro pregão após o rompimento da barragem em Brumadinho. A empresa teve a maior perda da história do mercado de ações brasileiro, de R$71 bilhões. Apesar disso, as ações da Vale já voltaram a subir e fecharam o pregão desta quarta-feira (30) em alta de 0,85%.

Artur Hugen, com Ópera Mundi/Edição: Pedro Ribeiro Nogueira/Foto: Reprodução