Numa entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” publicada neste domingo, Maia afirma que “Onyx tentou influenciar” na disputa pela presidência da Câmara, realizada no último dia 1º. O demista ganhou no 1º turno com 334 votos.
Para Rodrigo Maia, o ministro da Casa Civil (que também é do DEM), tentou “criar uma candidatura que tivesse um alinhamento maior com a questão dos costumes (…) Não conseguiu”.
Onyx atuou nos bastidores para que a candidatura de Fábio Ramalho (MDB-MG) a presidente da Câmara pudesse ter mais votos do que Maia.
Passada a disputa, Maia exime o presidente da República, Jair Bolsonaro: “Nunca vi digital do presidente nesse processo. Só dos filhos dele [Bolsonaro] e publicamente”.
Os filhos de Jair Bolsonaro, que atuam na política fluminense, de fato fizeram carga contra Maia. Não tiveram sucesso.
A relação entre o presidente da Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto é vital para que seja bem-sucedida a tramitação da reforma da Previdência, a mais relevante para o governo em 2019.
Neste momento, Maia indica que seu interlocutor preferencial será o secretário-geral da Presidência, ministro Gustavo Bebianno –que foi advogado do PSL, dirigente da sigla e tornou-se amigo de Jair Bolsonaro no processo eleitoral de 2018.
“Quem escolhe o interlocutor é o governo, e é o Onyx. Não quer dizer que eu não possa dialogar com o [Gustavo] Bebianno, com quem tenho uma relação hoje de muita confiança. Eu não vou ficar trabalhando da presidência da Câmara para derrubar ninguém. Agora, [eu e Onyx] vamos ter de reconstruir nossa relação de amizade de muitos anos”.
Onyx Lorenzoni está montando uma equipe no Planalto com ex-deputados e ex-senadores que vão trabalhar como interlocutores de congressistas para construir uma maioria na Câmara.
Entre os integrantes do time de Onyx está o ex-deputado Carlos Manato (PSL-ES), que conversou com Rodrigo Maia e pediu uma sala para despachar da Câmara.
Maia rechaçou a demanda. “O Executivo fica no Executivo e o Legislativo fica no Legislativo. Já disse a ele que não vou dar. Eu vou ligar agora para o Onyx e falar: ‘Põe uma sala aí para o Parlamento que a gente quer ir comandar daí de dentro, discutindo com vocês suas decisões’. É uma coisa boba, não faz sentido isso”, disse o demista na entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Pelo lado da oposição, Rodrigo Maia tem sido criticado por ter fechado com o PSL de Jair Bolsonaro nas eleições pelo comando da Câmara. Maia mantinha diálogo com os partidos da esquerda antes de formalizar a aliança. Mas, segundo o deputado, o PT já sabia: “Eu disse que eu ia trazer o PSL antes, porque não podia ser candidato de oposição. Eles falaram que não tinha problema nenhum”. “Se alguém traiu ali, foi o PT”, diz.
O presidente da Câmara foi questionado ainda a respeito da Lei Kandir, que isenta exportadores de tributos estaduais. Sobre a possibilidade do TCU determinar que o governo não precisa ressarcir os Estados, ameaçou retaliar: “Se o TCU legislar, vai entrar em guerra com o Congresso. (…) A gente tira o orçamento deles. Vão ficar sem orçamento até 2020”.
Maia também se opõe à ideia de votar o pacote anticrime de Sérgio Moro na Câmara antes da Previdência. “O próprio Moro já me disse que sabe que a Previdência é prioridade. O dele vai andar, e vamos votar a Previdência antes. O pacote anticrime do Moro não é econômico e não dá para testar com ele.”
Artur Hugen, com Poder 360/Foto: Sérgio Lima/Poder 360
19 de Novembro, 2024 às 23:56