A Human Rights Watch, ONG internacional de defesa dos direitos humanos, pede que a Polícia Federal investigue as acusações de que snipers posicionados em uma torre da Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, teriam matado pelo menos duas pessoas na comunidade de Manguinhos, na zona norte.
A Polícia Civil, o Ministério Público estadual e a Defensoria Pública realizam na tarde desta segunda-feira (18) uma perícia na torre, localizada em uma sede administrativa da Polícia Civil.
No fim de janeiro, Carlos Eduardo Santos Lontra, 27, e Rômulo Oliveira da Silva, 37, foram mortos a tiros em Manguinhos. Quatro dias separaram o primeiro assassinato do segundo.
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Segundo moradores relataram ao Ministério Público, à Defensoria e à Human Rights Watch, outras quatro mortes a tiros já haviam ocorrido na região no fim do ano passado. Eles dizem acreditar que os disparos tiveram como origem a torre da Polícia Civil.
O Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública) do Ministério Público do Rio abriu uma investigação para apurar as mortes.
Em nota, Daniel Wilkinson, diretor adjunto da divisão das Américas da Human Rights Watch, afirma que a Polícia Federal deveria fornecer apoio forense ao Gaesp para que a unidade não dependa da Polícia Civil.
"Dada a possibilidade de que o assassino seja um policial civil atirando de uma instalação da Polícia Civil, a investigação não deveria ser liderada pela Polícia Civil, mas pelo Ministério Público do estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal", diz.
Um ajudante de pedreiro de 22 anos foi baleado em Manguinhos no mesmo dia que Rômulo, mas sobreviveu.
Segundo a Human Rights Watch, ele contou que foi atingido pelo tiro quando estava ao lado de um poste de luz. O homem disse acreditar que o disparo tenha vindo da torre, localizada a menos de 300 metros do local onde foi atingido.
O Gaesp e a Polícia Civil já realizaram uma perícia na torre. De acordo com informações repassadas à ONG, os especialistas concluíram que seria possível que um atirador deitado no telhado conseguisse atingir pessoas na comunidade.
Artur Hugen, com Folhapress/Foto: Divulgação
19 de Novembro, 2024 às 23:56