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As usinas solares flutuantes são uma boa nova, escreve Julia Fonteles

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Parque de energia solar na Bahia

As placas solares fotovoltaicas (PV) são conhecidas como fontes essenciais para o abastecimento mundial de energia. Elas foram aprimoradas aos poucos, com várias descobertas transformadoras ao longo do século 20. Até que, em 1954, os americanos Daryl Chapin, Calvin Fuller e Gerald Pearson criaram a placa solar de silício, a 1ª versão das placas utilizadas hoje em dia.

Há mais de 60 anos, a tecnologia PV vem se aperfeiçoando e procura resolver os problemas de ineficiência, o alto preço, o baixo ROI (retorno de investimento) e o problema do espaço que ocupam. O preço de produção vem diminuindo cada vez mais, enquanto sua eficiência aumenta. Para o problema de espaço, a boa notícia são as usinas solares flutuantes.

As placas PV flutuantes, usadas para montar usinas solares flutuantes, são painéis montados sobre lagos, lagoas e estações de tratamento de água. Essa alternativa também é a solução para um dos problemas mais sérios da instalação de placas solares, a necessidade de áreas planas, principalmente em países que já ocupam esses espaços com agricultura e infraestrutura.

A ideia de instalá-las sobre a água está ganhando cada vez mais adesão na comunidade internacional. Geralmente construídas sobre os reservatórios das hidrelétricas, as placas também servem como uma forma de suprir a rede de energia em tempos de seca. A usina solar flutuante aproveita a linha de transmissão da hidrelétrica e o abastecimento das cidades torna-se fácil, prático e com um ótimo custo-benefício.

Além de reutilizar o espaço das hidrelétricas, usinas solares flutuantes também se mostram mais eficientes que placas PV instaladas sobre o solo. Ao contrário do que se imagina, os painéis fotovoltaicos sobre o solo perdem eficiência com o excesso de calor, pois a bateria começa a se corromper e o condutor de energia se sobrecarrega.

De acordo com a jornal online Utility Dive, os painéis instalados sobre a água geram cerca de 15% mais energia do que os instalados sobre solo. Isso acontece porque a água protege o silício do calor constante, ajudando o semicondutor a funcionar melhor e assim transmitir energia com mais facilidade.

No Brasil, esse tipo de tecnologia já está em uso. Em Presidente Figueiredo (AM), a hidrelétrica de Balbina anunciou um projeto piloto para a utilização das usinas solares flutuantes. Devido aos períodos de grandes secas, Balbina procura formas alternativas de atingir a meta de 250MW para abastecer a população local. O Brasil é um grande atrativo para investidores de usinas solares flutuantes.

O clima favorável e a estrutura de energia hídrica eficaz e abundante fazem com que o custo para investir seja baixo e a margem de lucro, alta. Embora o projeto em Balbina esteja ainda em fase de testes, existem grandes expectativas de que a iniciativa possa se espalhar para outras usinas e resolver o problema da falta de abastecimento das hidrelétricas brasileiras no período das secas.

Nos Estados Unidos, porém, o entusiasmo com as usinas flutuantes é bem menor. O NREL (Laboratório Nacional de Energia Renovável) publicou o estudo Floating Photovoltaic Systems, que relata a viabilidade de instalar placas solares flutuantes no país. Robert Spencer, um dos autores do relatório, diz que, com base nos exemplos, parece que a tecnologia funciona a curto prazo, mas que uma análise mais extensa deve ser feita para avaliar os resultados a longo prazo.

No Brasil, as usinas solares flutuantes representam um investimento importante para o futuro da matriz de energia. Ajudariam a mitigar o problema das secas sem a necessidade de instalar novas usinas termoelétricas e centros de transmissão e distribuição. É verdade que não se sabe quais serão as repercussões dessa tecnologia no longo prazo, mas por agora essa pode ser uma solução prática, rápida e barata.

Artur Hugen, com Julia Fonteles/Poder 360/Foto: Carla Ornelas/Governo da Bahia