O Ministério do Meio Ambiente (MMA) deu nesta semana (16) um passo importante para incrementar, junto com parceiros, o desenvolvimento do turismo náutico no Brasil. Em evento em sua sede, em Brasília, o MMA reuniu os mais diferentes setores envolvidos com a atividade para fazer um diagnóstico e propor novos modelos de gestão e negócios na área.
No discurso de todos, uma constatação: o Brasil precisa investir urgentemente no turismo náutico. Primeiro, porque há um enorme potencial a ser explorado no país. Segundo, pela importância conservacionista e econômica da atividade. Ao mesmo tempo que preserva a natureza, esse tipo de turismo gera negócios para a indústria e emprega milhares de brasileiros.
“Somos o país número 1 do mundo em recursos naturais, temos uma costa com cerca de 8 mil km, água quente e sol o ano todo, além de 9 mil km de margens com água doce”, descreveu o secretário de Ecoturismo do MMA, Gilson Machado, na abertura do 1º Workshop Nacional do Programa de Revitalização do Ecoturismo Náutico Brasileiro.
“Precisamos nos unir e nos mobilizar, governo e iniciativa privada, para transformar tudo isso em emprego e renda, de modo a tirar o ecoturismo náutico do ostracismo em que se encontra hoje”, conclamou ele.
O workshop foi organizado pela Secretaria de Ecoturismo, comandada por Machado e criada pela atual gestão do MMA para fomentar e definir políticas públicas que promovam a conscientização ambiental, o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade nos diversos segmentos do turismo na natureza.
Antes das intervenções, que se estenderam por mais de duas horas, foi exibido no telão vídeo em que o presidente da República, Jair Bolsonaro (foto acima), que não pôde participar do evento por estar em viagem aos EUA, saúda os participantes do workshop, ressalta a importância do turismo náutico e deseja um bom trabalho a todos.
Os convidados lotaram o auditório Ipê Amarelo, do MMA. Entre eles, representantes de empresas privadas e de órgãos e instâncias ligadas ao governo, como a Marinha, Polícia Federal, Receita Federal, Anvisa, Antaq, ICMBio, Ibama e Conselho Nacional de Turismo.
Além do secretário Gilson Machado, participaram da solenidade de abertura a secretária-executiva do MMA, Ana Maria Pellini, representando o ministro Ricardo Salles, o deputado Leur Lomanto Júnior (DEM/BA), vice-presidente da Comissão de Turismo da Câmara, e o secretário de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura, Jorge Seife Júnior.
Na sua fala, o secretário Gilson Machado destacou, inicialmente, a importância da atividade turística. Segundo ele, um em cada dez empregos no mundo são gerados pelo turismo. No Brasil, o setor causa impacto de R$ 520 bilhões na economia e é responsável pelo sustento de 7 milhões de brasileiros.
Ainda segundo o secretário, dos segmentos turísticos, o ecoturismo ou turismo de natureza é o que proporcionalmente mais avança no mundo. Enquanto o turismo convencional cresce 7,5% ao ano, o ecoturismo registra índices em torno de 15% a 25% ao ano.
Já na área específica do turismo náutico, destacou Machado, os ganhos são, também, significativos. No geral, o setor movimenta estaleiros e produz valor agregado da ordem de 100 bilhões de dólares ao ano. Na área de serviços e marinas, a atividade náutica gera em torno de 3 postos de trabalho por barco acima de 25 pés.
O secretário disse ainda que o turismo náutico ajuda no desenvolvimento e na qualidade de vida de pequenas cidades – “normalmente, as localidades onde há turismo a estrutura de segurança é melhor”, exemplificou –, estimula o esporte e a cultura local e incentiva as pessoas a preservarem a natureza. “Preservação, aliás, será sempre a nossa principal prioridade”, enfatizou.
Depois de ressaltar o potencial natural do Brasil para o turismo náutico, ele citou o caso das arraias para mostrar como o país perde ao não aproveitar suas oportunidades. Segundo Machado, enquanto no litoral de Alagoas esses animais marinhos são caçados e abatidos para a venda por R$ 7 a unidade, nas Ilhas Cayman, no Caribe, um mergulho ao lado das arraias vivas não sai por menos de US$ 60. “Isso é só uma mostra do que estamos deixando de ganhar”, disse.
O secretário comentou ainda o desempenho de outro tipo de turismo náutico, os cruzeiros marítimos, que caiu de 20 na temporada 2010/2011 para apenas 7 em 2017/2018. Para contornar problemas como esse, defendeu o secretário, governo e iniciativa privada devem adotar novas estratégias.
Uma delas, sugeriu, é a criação de recifes artificiais, isto é, estruturas – navios, grandes barcos, tanques de guerra e até carcaças de aviões – colocadas pelo homem no fundo do mar, por meio de afundamentos controlados, para gerar vida marinha (corais, peixes) e, ao mesmo tempo, servir como atrativo para os mergulhadores.
“Esse tipo de turismo é um sucesso em vários partes do mundo”, disse o secretário, ao informar que, dentro de 15 dias, o MMMA, por meio do Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene), do ICMBio, participará do afundamento de dois navios com o objetivo de conservar a vida marinha e estimular o turismo náutico – um em Tamandaré, no litoral de Pernambuco, e outro na costa de São Miguel dos Milagres, em Alagoas, região abrangida pela Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa dos Corais.
Fonte: Ascom MMA/Ailton Braga/Ascom MMA
19 de Novembro, 2024 às 23:56