Uma equipe da Secretaria Executiva de Assuntos Internacionais de Santa Catarina (SAI) participa, na China, do projeto de introdução à governança chinesa voltado para líderes públicos do Brasil. As atividades começaram no sábado, 22, e vão até a segunda-feira, 31.
A iniciativa, a convite da Embaixada da China no Brasil e do Ministério do Comércio da China, ocorre na Província de Jiangxi, na região central chinesa, com visitas técnicas às cidades de Hangzhou e Shanghai. O consultor-geral da SAI, Marcelo Trevisani, representa o governador Raimundo Colombo no projeto. Após o seminário, a delegação de Santa Catarina visitará a Província de Fujian, entre os dias 1° e 3 de agosto, para avaliar cooperações naquela região.
Segundo Trevisani, a participação no seminário abrirá novos canais de comunicação para Santa Catarina na China, especialmente em uma região com crescimento superior à média chinesa. "Trazemos para Jiangxi a disposição de Santa Catarina em abrir novos mercados e encontrar novos parceiros para trocas econômicas, cooperações técnicas e acadêmicas, e aumentar o fluxo turístico de chineses para o nosso estado, ainda pouco conhecido por aqui", explicou o consultor-geral da SAI. Além de Santa Catarina, os estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás, Bahia — membros do Fórum RI 27 —, Paraná, Alagoas e Paraíba enviaram representantes.
No sábado, na Faculdade de Estudos Estrangeiros de Jiangxi, em Nanchang, horário local, os brasileiros participaram da cerimônia de abertura e da primeira atividade do seminário — uma apresentação sobre a ascensão da Província de Jiangxi. As boas-vindas foram oferecidas pelo vice-reitor da faculdade, Liu Quanhui. "Espero que vocês possam sentir a hospitalidade do povo chinês com os amigos brasileiros", disse o vice-reitor.
O inspetor do Departamento do Comércio da Província de Jiangxi, Li Wenyao, apresentou a região aos brasileiros. Segundo Wenyao, o seminário é uma oportunidade de "intercâmbio de negócios de conteúdo rico" para os dois lados. "A China está confiante nas boas perspectivas de crescimento do Brasil. Somos os maiores países em desenvolvimento e importantes países emergentes", avaliou o inspetor. O Brasil é o décimo maior parceiro comercial da China, que, por sua vez, é o principal parceiro comercial catarinense.
Sobre Jiangxi, Wenyao destacou a localização estratégica e a logística de transportes da província na região central da China, com exportações e importações feitas por portos fluviais; os recursos e patrimônios naturais reconhecidos pela Unesco; a história e cultura milenares, como a origem da porcelana chinesa; e a indústria diversificada em uma cadeia produtiva completa. "Nos últimos anos, Jiangxi tem mostrado um bom impulso de novas indústrias, como a de energia, cobre e aço de alto desempenho, veículos especiais, maquinário de precisão, biomedicina, química, turismo e serviços inovadores", apresentou o inspetor. Jiangxi também segue uma estratégia de posicionamento global voltada para cooperações e parcerias de negócios, com foco nos serviços, como a construção de infraestrutura.
Inovação na economia chinesa
No domingo, 23, horário local, o pesquisador e diretor executivo do Centro de Cooperação Internacional da Comissão de Desenvolvimento e Reforma Nacional, Xing Guojun, analisou a situação macroeconômica da China, a começar pela divulgação, na última semana, do indicador com o crescimento de 6,9% do PIB chinês no segundo trimestre de 2017. "Comparado-se com outros anos, esse número não é muito alto. Antes de 2008, o PIB anual da China era, em média, de 10%. Mas este crescimento do PIB, na comparação com outros países, ainda é muito bom", avaliou Guojun.
Segundo ele, os fundamentos econômicos da China são estáveis. O pesquisador citou a forte demanda interna na China como o primeiro fator importante para a estabilidade da economia do seu país. Outro ponto são os investimentos domésticos chineses: tanto o governo quanto investidores privados aumentaram os investimentos nos últimos trimestres. Por fim, o aumento das exportações representa o terceiro item importante para o crescimento econômico atual da China.
Guojun explicou que a dinâmica do mercado internacional levou o governo chinês a adotar medidas para enfrentar a competição e novos desafios globais. "Governo chinês quer modernizar seus produtos e investir em inovação", disse. Com o desenvolvimento nos últimos 30 anos, a partir da abertura da economia chinesa, o país se tornou mais rico, mas isso trouxe novos desafios, como desigualdade social. De acordo com Goujun, além da inovação, são adotadas medidas para reduzir a pobreza, para que chineses invistam em novos negócios, e para o desenvolvimento de novos setores econômicos.
"O que estamos observando é o processo de modernização das bases da matriz econômica da China como uma política de governo, a partir da inovação, de novas áreas econômicas e indústria 4.0, para fugir da competição que os produtos chineses sofrem de outros países emergentes da região, a exemplo do Vietnã e da India", observou Trevisani.
Cooperação com entes regionais do Brasil e da China
Questionado pelo representante catarinense sobre cooperações entre os estados brasileiros e a China, Goujon comentou que as economias do Brasil e da China têm muitas características complementares. "Os senhores podem verificar os pontos fortes da economia do seus estados e depois exportar estes produtos para a China e a China também pode exportar os nossos pontos fortes para o seu estado. Assim é possível conseguir o benefício mútuo", disse.
O pesquisador acredita que, desta forma, a China conseguirá fazer cooperações no Brasil. "Se o seus estados e empresas tiverem autonomia em relação à economia, podem negociar diretamente com o governo chinês e as províncias na China", concluiu.
Visita a Fujian
Após o seminário, entre os dias 1° e 3 de agosto, a delegação de Santa Catarina visitará as cidades de Fuzhou e a Ilha de Pingtan, ambas na Província de Fujian. "A intenção desta parada é apresentarmos Santa Catarina para autoridades de Fujian e tratar dos pontos do futuro acordo de cooperação que assinaremos com Fujian", revelou o consultor-geral da SAI. Na última sexta-feira, 14, o governo catarinense recebeu uma missão do governo de Fujian em Florianópolis.
O acordo de cooperação entre Santa Catarina e Fujian é uma iniciativa da SAI e do Escritório de Relações Internacionais da Univali a partir de uma parceria entre o Governo do Estado e a universidade firmada em 2016. "A nossa expectativa é que saiamos de Fujian com os principais pontos da cooperação definidos para que o governador Colombo possa formalizar o acordo ainda neste ano", espera Trevisani.
Na parada na Ilha de Pingtan, a delegação catarinense irá detalhar a intenção das autoridades locais chinesas em assinar um acordo de irmanamento com Florianópolis. Além do consultor-geral da SAI, Marcelo Trevisani, a delegação catarinense em missão à China é composta pelo consultor Rafael Paulo e pela diretora de Missões, Recepções e Eventos em exercício, Alice de Borba.
Artur Hugen, com informações do GSC/ Fotos: Rafael Paulo
19 de Novembro, 2024 às 23:56