Pesquisadores do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf) identificaram pela primeira vez no Brasil um fungo capaz de matar videiras e oliveiras. A identificação do fungo Pleurostomophora richardsiae foi publicada numa das revistas mais importantes da área de doenças de plantas, a Phytopathologia Mediterranea, de Firenze, Itália, editada pela Mediterranean Phytopathological Union. O artigo pode ser acessado em http://www.fupress.net/index.php/pm/article/view/23357.
Eduardo Brugnara, um dos pesquisadores que assinam o artigo, explica que plantas cultivadas nos municípios de Itá e Riqueza, no Oeste Catarinense, começaram a apresentar sintomas de amarelecimento, murcha e morte de folhas e ramos, além de manchas escuras na madeira e casca. Após a coleta de amostras das plantas infectadas, os pesquisadores conseguiram isolar o fungo, que foi identificado através de características do DNA. O próximo passo foi comprovar sua capacidade de causar doença em novas plantas de oliveira e videira.
Segundo Maria Cristina Canale, outra pesquisadora da Epagri/Cepaf responsável pela identificação, o conhecimento da ocorrência deste fungo é importante para auxiliar na compreensão e solução de problemas de morte de plantas de oliveira e videira, comum no Sul do Brasil e muitas vezes causada por uma série de fatores em conjunto. Contudo, os assinantes dos artigos ressaltam que são necessárias mais pesquisas para verificar a incidência da doença em outras regiões e a quantidade de plantas ou pomares afetados.
Apesar de já se saber que a doença pode matar as plantas em casos severos, também serão necessários novos estudos para quantificar os danos que a doença pode causar na produtividade das plantas e na qualidade dos frutos em casos menos graves. Outra demanda que se apresenta é o desenvolvimento de cultivares resistentes ao fungo.
A viticultura é uma cadeia produtiva importante para Santa Catarina. A produção catarinense de uvas comuns, viníferas e de mesa foi de 46,7 mil toneladas em 2017/18, com produtividade média de 14,2 mil quilos por hectare. Esse total representa crescimento de 1% na área colhida e de 3% na produção de uva comum em relação à safra anterior. Por outro lado, a uva vinífera apresentou redução de 17% na área e de 40% na quantidade produzida.
Há vinte anos a Epagri/Cepaf, localizado em Chapecó, desenvolve trabalho com o objetivo introduzir a oliveira no território catarinense, e vem observando boa produtividade em algumas regiões. Atualmente o Estado conta com cerca de 70 hectares cultivados com a planta. Em 2019 já foram produzidos mais de mil litros de azeite extra virgem.
Secom/GSC/ Foto: Divulgação / Epagri
19 de Novembro, 2024 às 23:56