Com a presença de personalidades da política, do Judiciário e da sociedade, foi realizado nesta quinta-feira (27), no Auditório Petrônio Portella, o simpósio "A Importância da Mulher na Construção de um Parlamento Democrático". Entre os temas debatidos, esteve o empoderamento feminino, a igualdade de gênero e a participação feminina no Legislativo.
Um auditório lotado assistiu a palestra de abertura, proferida pela ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia.
— A mulher é discriminada porque no Brasil a desigualdade existe, no que a Constituição é desrespeitada diariamente. Todos temos que nos envolver nesta luta, como uma obrigação cívica, para que a lei seja cumprida e os direitos sejam iguais entre homens e mulheres — disse a ministra.
Organizador do simpósio, o senador Luiz do Carmo (MDB-GO) pretendeu chamar a atenção para o projeto de lei (PL 2.235/2019), de sua autoria, que reserva 30% das vagas do Poder Legislativo para mulheres.
— Pretendemos reverter a situação absurda que assistimos hoje, em que várias cidades não possuem sequer uma representante mulher, embora a maioria da população brasileira seja do sexo feminino — afirmou o senador.
Voto favorável
Na qualidade de relatora do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) adiantou seu voto durante o simpósio.
— Vou apresentar parecer favorável, mas depois entendo que podemos lutar para buscar a paridade. Acredito ser possível garantir esse direito justo para nós, mulheres — apontou a senadora, que também é procuradora Especial da Mulher no Senado.
O senador Vanderlan Cardoso (PP-GO) disse que apoiará a proposta.
— Discordo de candidaturas voltadas apenas para cumprir cotas partidárias. A mulher pode e deve ajudar a transformar a realidade no município, no estado e no Brasil, auxiliando a melhorar a nossa política no mundo real — disse o senador.
Diretora-geral do Senado, Ilana Trombka lembrou a trajetória de pioneiras, como a primeira senadora da República, Eunice Michiles, para ressaltar as dificuldades encontradas pelas mulheres para exercer o mandato. Segundo ela, as novas gerações devem perseverar na luta.
— Quanto mais mulheres na política e no Parlamento, maiores as chances de os interesses das mulheres serem legitimamente representados. Afinal, se temos voz, por que termos alguém para falar por nós? — perguntou.
Representatividade
O nível da discussão e a representatividade dos participantes no simpósio foram destacados pela diretora da Secretaria de Comunicação Social do Senado, Angela Brandão.
— É uma alegria ver o Senado tomar a frente nessa discussão, papel que historicamente o Congresso sempre teve. Encaramos essa situação com muito otimismo e entusiasmo — disse Angela.
A empresária, atriz e modelo Luiza Brunet também esteve presente para relatar sua trajetória pessoal. Vinda de um lar humilde no interior de Mato Grosso do Sul, onde assistiu à mãe sofrer abusos do pai, Brunet sofreu violência doméstica em junho de 2017, por parte do então marido, quando tinha 54 anos.
— Nos dias atuais, a violência contra a mulher ultrapassa o foro íntimo. Tem que denunciar, e todo mundo tem que se meter, não pode deixar acontecer. Dessa forma, vamos estar contribuindo para uma sociedade mais justa, onde nós sejamos mais respeitadas — disse, arrancando palmas da plateia.
Oportunidades
Janete Vaz, bioquímica e uma das fundadoras do Grupo Sabin, rede de laboratórios de análise clínica, falou sobre a importância da valorização da mulher nas empresas, na sociedade e na política.
— Desde que haja mais mulheres com mandato parlamentar, esse simples fato vai fazer reduzir o preconceito. Nós, mulheres, não precisamos de vozes, nós precisamos de oportunidades. Não buscamos privilégios, nem benefícios, queremos igualdade e justiça — disse sob aplausos.
O simpósio contou também com presença de deputadas federais e estaduais, vereadoras, empresários e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de embaixadas, entre outros convidados. Além do senador Luiz do Carmo, também organizaram o encontro a senadora Rose de Freitas e a Procuradoria Especial da Mulher do Senado.
Agência Senado/Foto: Jane Araújo/AS
19 de Novembro, 2024 às 23:56