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Relato impressionante de um visitante da 7ª Vindima de Altitude em São Joaquim

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Vistante Luiz Fernando Ozawa, advogado e apreciador dos bons Vinhos Finos, fez um relato impressionante em suas redes sociais acerca do Vinhos Finos de Altitude, das vinícolas e sobre o que foi a Vindima 2020

(São Joaquim - SC - 12-03-2020), O Vistante Luiz Fernando Ozawa, advogado e apreciador dos bons Vinhos Finos, fez um relato impressionante em suas redes sociais acerca do Vinhos Finos de Altitude, das vinícolas e sobre  o que foi a Vindima 2020.

Veja o relato na íntegra: 

Durante muito tempo desdenhei os vinhos catarinenses, por absoluto desconhecimento. Tinha como referências bebidas coloniais e vinhedos de vale e litoral, que nenhum me chamava a atenção, com ressalva às Goethes de Urussanga e região. Em 2008 é que “aprendi” a maravilha que é tomar vinho, lá na capital argentina, e de lá pra cá, tenho traiçoeiramente abandonado a cerveja, dividindo as uvas com os maltes escoceses, claro.

Mas a Vindima 2020 confirmou aquilo que o Inverno de 2019 já havia me surpreendido: São Joaquim/SC está produzindo vinhos de altíssima qualidade, cuja região produz uma variedade de cepas francesas e italianas que poucos outros lugares do país são capazes. Vinícolas com alto investimento de estrutura e conhecimento, certamente estão mudando a região.

Na Vindima de São Joaquim, no estilo Festival Nacional da Cerveja, com as “estalecas” você pode experimentar 50, 100 ou 150 ml em sua taça de cristal com as marcas que “ganha” com o pagamento da entrada da Exposição. Lá, por exemplo, por um punhado de “Bolsos” (a garrafa custa mais ou menos R$ 250-400,00) pude experimentar o “Dilor” (nome do fundador) da Villa Francioni, um corte de uvas francesas (quase um bordalês) com 30 meses de barrica francesa de primeiro uso, um dos primeiros – senão o primeiro – vinho produzido pela vinícola, engarrafado e numerado em 2009, se não me engano… um mel, melhor vinho que tomei de Santa Catarina, até hoje.

Além das já bastantes famosas Francioni (por seus tintos) e Pericó (por suas espumantes), há outros produtores que se destacam com o carinho e qualidade com que estão vinificando suas uvas, destaco a D’Alture (francesas) e a Leone Di Venezia (italianas). Caves, barricas de carvalho franceses e americanos novos, garrafas grossas, rolhas de cortiça, toneis de inox, fermentação em barris, guarda real, sem pressa, pequenas produções e todo o aparato de enologia de primeiro mundo estão presentes em São Joaquim/SC.

Merlot, Malbec, Pinot Noir, Shiraz, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Petit Verdot, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Gewurztraminer, Refosco, Garganega, Vermentino, Sangiovese, Greghetto, Anglianico, Montepulciano, Verdello, Primitivo… são cepas que já estão sendo engarrafadas e comercializadas em São Joaquim e região. Uma variedade de dar inveja a muitas regiões viniculturas do país.

Em São Joaquim ainda é possível você almoçar com o “dono” da Vinícola, entrar na Cave, e convencer ele a lhe vender a garrafa sem rótulo que acabou de sair da barrica de carvalho, depois de 18 meses guardada na madeira, e que ainda passará, no mínimo, 1 ano na garrafa em repouso… pois é. Veio serra abaixo um “Refosco Dal Peduculo Rosso”, além de um Montepulciano 24 meses em francês de primeiro uso, ambas repousando para abrir daqui uns anos mais. Obrigado Leone di Venezia!

O solo de terra escura com pedra-ferro, a altitude, o clima característico com frio, sol no tempo certo, a água do aquífero guarani e a umidade certa com a ainda influência do mar na beira do precipício, além das pinhas, macieiras e das abelhas (mel) – sem contar o queijo serrano, parecem ser ambiente muito favorável para a vinicultura, aliás, uma conjunção de fatores especiais e muito raros, senão exclusivos no Brasil.

Dizem (lendas?), que um Engenheiro (EPAGRI) de Videira teria plantado as uvas em São Joaquim para experimentar o local, quando transferiu a produção de maçãs de Videira/Fraiburgo para aquela região, por volta dos anos 2000. Logo percebeu que era possível cultivar uvas francesas no local.

Mal sabia este homem que estaria mudando a economia de toda uma cidade, e por que não da região. Hoje São Joaquim, Urubici, Urupema, e região possuem um “pool” de vinícolas em fase de investimentos e expansão. Cidades pequenas que estão se especializando na divulgação de sua região de vinicultura, além é claro das inigualáveis paisagens que misturam penhascos rochosos, campos verdes, araucárias e pinheiros (vinhas e macieiras) e água.

Com todo respeito a Joaquim, o Santo, a cidade de São Joaquim deveria passar a se chamar com o nome do Engenheiro este, tamanha é a transformação da cidade, da cultura local, e, claro de sua microeconomia. Eu, como bebedor de vinho, o beatifico!

Obviamente, não há como comparar, ainda, com as vinhas de raízes profundas de 40-50 anos do Chile e Argentina, nem as seculares (200-300) da Europa, e ressalve-se os Vales Californianos, Africanos, Australianos, do Oriente Médio. Mas pelo pouco que vi (e tomei!) o Vale dos Vinhedos e do São Francisco, em muito breve, ficarão para trás, se já não o ficaram, diante da robustez dos vinhos de altitude de São Joaquim/SC, e claro, de seu “terroir” exclusivo.

Lá se vão 20 anos. Mas em muito breve, conheceremos mais. Arrisco a dizer que em mais 10-20 anos, teremos um “terroir” internacionalmente conhecido, uma vez que para quem gosta de vinho, no Brasil, os vinhos de altitude catarinenses já são uma bela “novidade” e realidade no Brasil. Aliás, daqui uns anos mais voltarei a este texto.

O vinho de altitude catarinense é altamente recomendável, e algumas vinícolas e garrafas já estão sendo avaliadas entre as melhores do país, e destaques internacionais. Sim, “habemus” “terroir” na Serra Catarinense. Vinhos de altitude! Um brinde! Março, vindima, 2020.
Luiz Fernando Ozawa, um bebedor de vinhos.

Fonte: Texto enviado pelo Joaquinense Paulo Roberto Lueneberg, que vive em Colider-MS/Foto: Divulgação