(Brasília-DF, 15/10/2020) Nesta quinta-feira,15, o Banco Central (BC) divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao primeiro semestre de 2020. O REF é uma publicação semestral destinada a apresentar o panorama da evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no Brasil. O documento de 121 páginas está disponível AQUI.
Os efeitos associados à pandemia da Covid-19 no lucro líquido e no retorno sobre patrimônio líquido (Return on Equity - ROE) das Instituições Financeiras foram observados a partir de março de 2020.
O sistema bancário registrou lucro líquido ajustado de R$ 40,8 bilhões no primeiro semestre de 2020 (sendo R$ 22,4 bilhões no primeiro trimestre e R$ 18,4 bilhões no segundo), queda de 31,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Refletindo a queda do lucro líquido, o ROE do sistema relativo ao primeiro semestre de 2020 reduziu para 11,2%, ante 17,8% no mesmo período do ano anterior (-6,6 p.p.). O lucro líquido ajustado no acumulado de doze meses findos em junho de 2020 também apresentou redução, o que levou o ROE do sistema bancário nessa janela de análise para 13,6%, ante 16,7 % no acumulado de doze meses findos em dezembro de 2019, queda de 3,1 p.p. O prêmio do ROE em relação à proxy para taxa livre de risco53 seguiu a tendência de redução verificada no ROE, apesar da queda da taxa Selic no período. Importante destacar que a redução de ROE foi similar tanto para bancos privados como públicos
Destaque
Segundo comunicado do BC, a pandemia da Covid-19 continua provocando a maior retração econômica global desde a Grande Depressão. Face isso, o mercado de capitais reduziu sua atuação e o crédito bancário ganhou protagonismo no financiamento às grandes empresas. O crédito às Micro, Pequenas e Médias Empresas, por sua vez, avançou a dois dígitos, fato que não ocorria desde 2013.
O BC disse que a rentabilidade dos bancos apresentou forte redução, notadamente em razão do aumento das despesas com provisões. O BC ressaltou que a pandemia eclodiu em um momento em que a rentabilidade bancária já havia se recuperado dos efeitos da recessão de 2015-16, o que permitiu a absorção de despesas com provisão em nível semelhante ao observado durante aquela recessão, sem transtornos para o sistema.
“As medidas do Conselho Monetário Nacional e do BC foram importantes para preservar a solvência e a resiliência do sistema bancário no enfrentamento dos efeitos adversos da Covid-19 e para permitir que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atravessasse o período agudo de estresse, sempre com baixo risco de liquidez. O nível de provisões para fazer face a perdas esperadas com Ativos Problemáticos é um dos mais elevados desde o final de 2014.
A atualização do teste de estresse para estimar os efeitos do choque da Covid-19 nos agentes da economia real demonstra impacto expressivo, porém menor que o publicado no REF anterior. O fator que mais contribui para essa melhora foi a recuperação dos fluxos de recebimento de vários setores da economia até agosto de 2020, após a queda acentuada em abril e maio. Esses resultados corroboram a capacidade do SFN para absorver os choques provenientes dos efeitos da pandemia, mesmo sob hipóteses severas.”, diz o comunicado.
(da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)
19 de Novembro, 2024 às 23:56