(Brasília-DF, 26/05/2021) A Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, que está completando 126 anos, anunciou seu mais novo boletim Observatório Covid-19 informando, infelizmente, que a pandemia vai piorar nas próximas semanas com aumento de internções de óbitos. O estudo sinaliza para um patamar em torno de 2.200 por dia. Na última Semana Epidemiológica (de 16 a 22 de maio), SE 20, a análise mostra que houve um aumento das taxas de incidência de casos novos de Covid-19.
O Estudo revela, segundo os pesquisadores, um rejuvenescimento da pandemia, com um aumento da positividade, novas infecções podem resultar em casos graves de Covid-19.
A circulação de novas variantes do vírus no país torna mais crítica às consequências entre grupos mais jovens. O estudo conclui que a maior exposição desta faixa etária está associada a condições precárias de trabalho e transporte, além da retomada de atividades econômicas e de lazer, que vêm sendo efetivadas em diversos estados e municípios, com a flexibilização das restrições vigentes em março.
“Esse contexto vai gerar novas pressões sobre todo o sistema de saúde. O aumento no número de internações, demonstrado pelo novo aumento das taxas de ocupação dos leitos de UTI é resultado desse novo quadro da pandemia no Brasil”, ressaltam.
Os pesquisadores são categóricos em destacar que é premente a intensificação de ações de vigilância em saúde, o reforço de estratégias de testagem de casos suspeitos e seus contatos (incluindo a vigilância genômica), além do controle de voos internacionais e a manutenção de restrições de eventos de massa e atividades que promovam a interação e infecção de grupos suscetíveis. Simultaneamente, são necessárias medidas de preparação do sistema de saúde, desde a sincronização com a atenção primária em saúde, até a organização da média e alta complexidade, incluindo a oferta de leitos clínicos e UTIs Covid-19, e garantia da oferta de insumos.
Leitos de UTI para Covid-19
Entre os dias 17 e 24 de maio de 2021, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis, em níveis elevados, em praticamente todo o Brasil. Isso reforçaria a avaliação de que a tendência de queda (que vinha sendo observada até por volta do dia 10 deste mês) se interrompeu.
Oito estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (92%), Rio Grande do Norte (97%), Pernambuco (98%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (95%), Mato Grosso do Sul (99%) e Distrito Federal (96%).
Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%: Roraima (83%), Tocantins (86%), Alagoas (89%), Bahia (83%), Minas Gerais (80%), Rio de Janeiro (83%), São Paulo (80%), Mato Grosso (87%) e Goiás (84%).
Sete estados estão na zona de alerta intermediário (≥60% e <80%): Rondônia (79%), Pará (73%), Amapá (72%), Maranhão (76%), Paraíba (75%), Espírito Santo (79%) e Rio Grande do Sul (79%).
Dois estados estão fora da zona de alerta: Acre (47%) e Amazonas (57%).
Medidas
O Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 propõe uma abordagem positiva e propositiva. Dentre as medidas destacadas está a que o governo federal assuma um papel de liderança e responsabilidade no desenvolvimento de estratégias coerentes destinadas à prevenção da transmissão da doença no país. isso incluiria políticas e ações ativas de adoção de medida não-farmacológicas, com o bloqueio/lockdown nas regiões e estados em que há o crescimento de casos e onde a taxa de ocupação de leitos esteja superior à 80%. Neste processo, segundo os pesquisadores, é fundamental que sejam desenvolvidas com urgência medidas de coordenação das políticas e ações entre os diferentes níveis do SUS - nacional, estadual e municipal.
Algumas outras ações defendidas são a vacinação; a implementação de um sistema de enfrentamento rápido e coordenado nos níveis nacional, regional, estadual e municipal com participação da sociedade; a criação, a ampliação e o fortalecimento de campanhas de esclarecimento contra a negação de evidências científicas e a desvalorização de tomadas de decisões baseadas na ciência para prevenção e tratamentos da doença; a combinação urgente de políticas e ações relacionadas à redução da exposição e infecção, adoecimento e agravamento da Covid-19; além da adoção de medidas não-farmacológicas que tenham como objetivo reduzir a propagação do vírus e o contínuo crescimento de casos.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)
19 de Novembro, 2024 às 23:56