(Brasília-DF, 16/05/2022) O partido que comanda a Suécia, Partido Social-Democrata, decidiu abandonar uma oposição de 73 anos para o país entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Nesse domingo, 15, primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, que é do PSD, anunciou que buscará amplo apoio para que seu país peça adesão a aliança.
Uma análise extensiva da política de segurança sueca conduzida pelos oito partidos do país representados no Parlamento e divulgada na sexta-feira já havia concluído que a adesão da Suécia à Otan teria um efeito estabilizador.
A entrada na Otan era uma perspectiva distante há poucos meses, mas o ataque da Rússia à Ucrânia levou tanto a Suécia quanto a Finlândia a repensarem suas necessidades de segurança.
Após debates ao longo da semana passada entre líderes social-democratas, o maior partido em todas as eleições do país há um século, Andersson disse que a entrada na Otan era "a melhor coisa para a segurança da Suécia e do povo sueco". "O não-alinhamento nos serviu bem, mas nossa conclusão é que não nos servirá tão bem no futuro", afirmou.
A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, escreveu no Twitter que a decisão do Partido Social-Democrata de defender a adesão era "histórica". A legenda ressalvou que não deseja armas nucleares nem bases permanentes da Otan no território do país.
Os apoiadores da adesão à aliança agora contam com ampla maioria no Parlamento da Suécia, que deve discutir o tema nesta segunda-feira.
Na Finlândia, o presidente Sauli Niinisto também confirmou neste domingo a intenção do país de aderir à Otan, dizendo que a região seria beneficiada. "Ganhamos em segurança e também a estendemos à região do mar Báltico e a toda a aliança", disse ele a jornalistas no palácio presidencial em Helsinque.
Niinistö afirmou que a adesão da Finlândia à Otan "é uma prova de poder da democracia" e lembrou que essa decisão tem o aval da maioria dos cidadãos, dos partidos políticos e do Parlamento. O pedido, porém, ainda não foi aprovado pelos deputados finlandeses, que devem fazê-lo nos próximos dias. Depois de aprovado, o pedido formal será submetido à sede da aliança, em Bruxelas.
Em paz desde o período das guerras napoleônicas, a Suécia estava mais relutante em deixar seu não-alinhamento do que a Finlândia, que lutou contra a União Soviética no século passado. O apoio popular à adesão à Otan saltou para mais de 60% na Suécia, contra 40% antes da guerra.
Espera tensa
Um pedido de adesão à Otan iniciará uma espera tensa durante os meses que levam para a ratificação por todos os membros da aliança. A Turquia já expressou suas objeções, mas a Otan e a Casa Branca afirmaram estar confiantes de que Ancara estará aberta para convencimento.
Tanto a Suécia como a Finlândia já são parceiros da Otan e vêm participando de exercícios conjuntos há anos, e abandonaram sua estrita neutralidade ao aderirem juntos à União Europeia em 1995. Mas, até agora, a melhor forma de manter a paz era não escolher publicamente os lados.
Andersson disse no domingo que seu país estaria "vulnerável" durante o processo de candidatura à Otan, quando ainda não estaria coberto pela cláusula de defesa coletiva da aliança. Ela não especificou que tipo de ameaças eram motivo de preocupação.
A Suécia vem equipando suas Forças Armadas na última década, particularmente desde a anexação da Crimeia pela Rússia 2014, e comprou mísseis de defesa anti-aérea Patriot fabricados pelos Estados Unidos e destacou militares para a ilha de Gotland.
O vice-secretário-geral da Otan, Mircea Geoana, afirmou à DW neste domingo que, se a Suécia e a Finlândia pedirem a adesão, a aliança militar fará o possível "para garantir que eles tenham um processo célere".
Ele também destacou o que vê como sinergias proporcionadas por uma eventual adesão dos dois países escandinavos. "Não é necessário mencionar seus excelentes procedimentos democráticos, a forma pelas quais suas Forças Armadas têm alta capacidade instalada, e o fato de que eles já são muito interoperáveis com a Otan neste momento. Eles iriam agregar valor à segurança deles, à nossa segurança, e em geral para a comunidades transatlântica", afirmou.
(da redação com informações da DW Brasil, Reuters, dpa. Edição: Genésio Araújo Jr. )
19 de Novembro, 2024 às 23:56