Uma estrada que poderia ser uma importante via de ligação entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina sofre com o descaso e coloca em risco a vida de moradores e estudantes do interior do município de Bom Jesus. Além disso, alunos que vivem na zona rural e estudam em escolas na cidade saem de casa até três horas antes do horário para não se atrasar, como mostrou a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV.
"Tem que sair mais cedo, porque a estrada está ruim, aí não dá para andar. O ônibus não anda ligeiro, daí o cara tem que sair mais cedo para evitar chegar atrasado e, mesmo assim, ainda chega atrasado", diz Gustavo Macedo da Silva, de 16 anos.
E não é só a precária condição da estrada que representa perigo. No caminho, há uma ponte sem proteção lateral. Mais adiante outra ponte submersa. "Se encher demais não tem como passar, né? Aí tem que voltar e entregar todos os alunos", afirma o motorista Everton Ribeiro de Lima.
Em dias de chuva, a situação é ainda pior. A RS-110 alaga, buracos se formam e o barro se acumula. Motoristas passam pelo trecho com dificuldade e a sensação de segurança aumenta.
O trecho mais crítico fica na divisa entre os dois estados. Na ponte sobre o Rio Pelotas, a manutenção é feita pelos próprios motoristas, que utilizam madeira, trilhos e cabos de aço. "Está feia a coisa aí, não é fácil. Tem que ter coragem pra cruzar a ponte", diz o vigia Nereu Pinto.
O distrito de Santo Inácio, na zona rural, já chegou a ter 718 habitantes. Hoje há apenas um terço da população segue vivendo na localidade.
Mas se os moradores estão deixando a região, algumas empresas ali instaladas. Uma indústria madeireira utiliza a estrada para transportar toras e contabiliza os prejuízos por causa da buraqueira. Os fruticultores também sofrem com as perdas.
"Ano passado eu entreguei 7 mil quilos de fruta, e a empresa só me pagou 1,7 quilos. O resto ela descartou. Chegou fruta machucada, fruta imprópria para comercialização", diz o produtor rural Helio Pacheco Velho, que escoa a produção pela rodovia rumo a Santa Catarina.
Dos 273 km de extensão da rota Caminhos da Neve, que liga Gramado a Florianópolis, 62 km não tem asfaltamento. Destes, 44 km ficam no Rio Grande do Sul. Além de desafogar as BRs 101 e 116, uma estrada melhor poderia estimular o turismo na região.
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) falou sobre o assunto através de nota. De acordo com o Daer, a contratação de uma empresa para fazer o estudo de viabilidade foi licitada duas vezes. Na primeira não houve interessados e na segunda, a empresa que se habilitou acabou desistindo. A ideia agora é convocar uma empresa por carta-convite, mas isso só deve ocorrer após o fim do decreto de contingenciamento de gastos do governo estadual
Da Redação com informações do G1-RS
19 de Novembro, 2024 às 23:56