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COP 27: Começa a 27a. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP27; Lula foi convidado e participará do evento na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh

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Balneário egípcio em destaque( foto: ONU News)

(Brasília-DF, 06/11/2022) Começa neste domingo, 6, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh 27a. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP27.  Ao  lado de 90 chefes de Estado e governo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve pedir pelo aumento da vontade política para atuar diante das alterações do clima.

Líderes mundiais vão discutir ações para combater as mudanças climáticas na Conferência das Nações Unidas para o Clima no Egito, mais conhecida como COP27.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai comparecer ao evento, após convite do presidente egípcio Abdel Fatah al-Sissi.

A cúpula acontece ao fim de um ano de desastres climáticos e recordes de temperatura em diversas partes do mundo.

Entenda qual a importância da Cúpula do Clima para o futuro do planeta.

 

O que é a Cúpula do Clima da ONU?

 

As conferência das Nações Unidas para o clima são realizadas todos os anos, para que os governos fechem acordos sobre medidas para limitar o aumento da temperatura global.

Esses encontros são chamados de COPs, que significa "Conferência das Partes". As partes são os países que assinaram o acordo climático original da ONU (Organização das Nações Unidas) em 1992.

A COP27 é a 27ª reunião anual da ONU sobre clima. Acontecerá em Sharm el-Sheikh, no Egito, de 6 a 18 de novembro.

 

Por que as reuniões da COP são necessárias?

 

O planeta está aquecendo por conta das emissões produzidas pelos seres humanos, principalmente através da queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural e carvão.

A temperatura global já subiu 1,1°C e caminha para alta de 1,5°C, de acordo com os cientistas climáticos da ONU, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Se a temperatura subir de 1,7 a 1,8°C acima dos níveis de 1850, o IPCC estima que metade da população mundial pode ser exposta a calor e umidade em níveis que ameaçam a vida.

 

Para evitar isso, 194 países assinaram o Acordo de Paris em 2015, comprometendo-se a "realizar esforços" para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.

 

Quem estará na COP27?

 

Mais de 200 governos estão convidados.

No entanto, alguns líderes das principais economias, incluindo o presidente russo Vladimir Putin, não devem comparecer. Mas delegados do país ainda são esperados.

Outros países, incluindo a China, não confirmaram se seus líderes participarão.

O anfitrião Egito pediu aos países que deixem suas diferenças de lado e "mostrem liderança".

ONGs ambientais, grupos comunitários, think tanks (organizações da sociedade civil que buscam influenciar políticas públicas), empresas e grupos religiosos também participarão.

 

Por que a COP27 será no Egito?

 

Esta será a quinta vez que uma COP é realizada na África.

Os governos da região esperam chamar a atenção para os graves impactos das mudanças climáticas no continente. O IPCC afirma que a África é uma das regiões do mundo mais vulneráveis às alterações do clima.

Atualmente, estima-se que 17 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar na África Oriental — parte do continente banhada pelo Oceano Índico — por causa da seca.

No entanto, a escolha do Egito como sede gerou controvérsia.

 

Alguns defensores dos direitos humanos e do clima dizem que o governo egípcio os impediu de comparecer porque eles criticaram o histórico do país com relação à garantia de direitos.

 

O que será discutido na COP27?

 

Antes da reunião, os países foram convidados a apresentar planos climáticos nacionais ambiciosos. Apenas 25 países fizeram isso — até agora.

A COP27 se concentrará em três áreas principais:

Redução de emissões

Ajudar os países a se prepararem e lidarem com as mudanças climáticas

Garantir apoio técnico e financiamento para países em desenvolvimento para essas atividades

Algumas questões não totalmente resolvidas ou cobertas na COP26 serão retomadas:

Financiamento de perdas e danos — dinheiro para ajudar os países a se recuperarem dos efeitos das mudanças climáticas, em vez de apenas se prepararem para isso

Estabelecimento de um mercado global de carbono — para precificar os efeitos das emissões em produtos e serviços globalmente

Reforçar os compromissos para reduzir o uso do carvão

Haverá também dias temáticos para palestras e anúncios focados em questões como gênero, agricultura e biodiversidade.

 

São esperados pontos de atrito?

O financiamento tem sido um problema nas negociações sobre o clima.

Em 2009, os países desenvolvidos se comprometeram a doar US$ 100 bilhões (R$ 512 bilhões) por ano, até 2020, aos países em desenvolvimento para ajudá-los a reduzir as emissões e se preparar para as mudanças climáticas.

A meta foi descumprida e postergada para 2023.

 

Mas as nações em desenvolvimento também estão pedindo pagamentos por "perdas e danos" — compensações pelos impactos climáticos enfrentados agora.

Uma opção para os pagamentos foi excluída das negociações sobre o clima de Bonn, cidade da Alemanha onde foi realizada a COP26, após resistência das nações mais ricas, que temiam ser forçadas a pagar indenizações por décadas.

A União Europeia concordou que as discussões sejam retomadas na COP27.

 

Os jargões

 

Acordo de Paris: O Acordo de Paris uniu todas as nações do mundo — pela primeira vez — em um único acordo para combater o aquecimento global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa

IPCC: O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas examina as últimas pesquisas sobre mudanças climáticas

1,5°C: Limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C — em relação ao período pré-industrial — evitará os piores impactos das mudanças climáticas, dizem os cientistas

 

Como saberemos se a Cúpula foi bem sucedida?

 

Depende a quem você perguntar.

Os países em desenvolvimento desejarão que, no mínimo, o financiamento para perdas e danos seja um item da agenda. Eles também pressionarão para ter uma data definida para começarem a receber os pagamentos.

As nações desenvolvidas buscarão mais comprometimento dos grandes países em desenvolvimento — como China, Índia, Brasil, Indonésia e África do Sul — para se afastar do carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis.

Há também compromissos do ano passado — sobre florestas, carvão e emissões de metano — aos quais mais países podem aderir.

No entanto, alguns cientistas acreditam que os líderes mundiais deixaram suas decisões para muito tarde, e não importa o que for acordado na COP27, não será possível restringir o aquecimento global ao limite de 1,5°C.

 

(por BBC Brasil com edição de Genésio Araújo Jr. )