(Brasília-DF, 26/12/2022) Nesse domingo, 25, pela manhã, o papa Francisco disse que o mundo está sofrendo de uma "fome de paz", em sua mensagem anual de Natal no Vaticano. Ele pediu o fim da "guerra sem sentido" na Ucrânia, condenando o que disse ser o uso de "comida como arma" de guerra.
A Ucrânia produz cerca de 30% do trigo mundial e os preços dispararam desde a invasão russa em fevereiro.Foi o décimo discurso de Natal do papa Francisco desde que assumiu o pontificado.Enquanto a guerra na Ucrânia ocupou grande parte de seu discurso de 10 minutos, ele observou que "uma grave fome de paz também em outras regiões e outros teatros desta Terceira Guerra Mundial".
O pontífice destacou conflitos e crises humanitárias no Oriente Médio, Mianmar, Haiti e na região do Sahel na África.
Também rezou pela "reconciliação" no Irã, onde protestos em massa contra o governo varreram o país por mais de três meses. As manifestações foram reprimidas, com mais de 500 pessoas, incluindo 69 crianças, mortas, alegam grupos de direitos humanos.Falando de uma varanda na basílica com vista para a Praça de São Pedro, o papa de 86 anos lamentou o custo humano da guerra.
Ele exortou a não esquecer aqueles "que passam fome enquanto grandes quantidades de comida diariamente são desperdiçadas e os recursos são gastos em armas"."A guerra na Ucrânia agravou ainda mais esta situação, colocando povos inteiros em risco de fome, especialmente no Afeganistão e nos países do Chifre da África", afirmou."Sabemos que toda guerra causa fome e utiliza a comida como arma, impedindo sua distribuição a pessoas que já sofrem".
O papa disse que "aqueles que têm responsabilidades políticas" devem liderar o caminho para fazer da comida "somente um instrumento de paz". A sua mensagem foi seguida pela habitual bênção Urbi et Orbi (À Cidade e ao Mundo), recitada em latim e tradicionalmente também em muitas outras línguas.
Veja outros pontos da fala papal:
Síria, Terra Santa, israelenses e palestinos
Pensamos na Síria, ainda martirizada por um conflito que passou para segundo plano, mas não terminou; e pensamos na Terra Santa, onde nos últimos meses aumentaram as violências e os confrontos, com mortos e feridos. Supliquemos ao Senhor para que lá, na terra que O viu nascer, retomem o diálogo e a aposta na confiança mútua entre israelitas e palestinenses.
Oriente Médio
Jesus Menino ampare as comunidades cristãs que vivem em todo o Médio Oriente, para que se possa viver, em cada um daqueles países, a beleza da convivência fraterna entre pessoas que pertencem a crenças diferentes. De modo particular ajude o Líbano para que possa, finalmente, erguer-se com o apoio da Comunidade Internacional e com a força da fraternidade e da solidariedade.
Região do Sahel, Iêmen, Mianmar e Irã
A luz de Cristo ilumine a região do Sahel, onde a convivência pacífica entre povos e tradições é transtornada por confrontos e violências, continuou Francisco. “Encaminhe para uma trégua duradoura no Iêmen e para a reconciliação no Mianmar e no Irã, para que cesse completamente o derramamento de sangue”.
Continente Americano
E, no continente americano, frisou o Pontífice, “inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade a trabalharem para pacificar as tensões políticas e sociais que afetam vários países; penso de modo particular na população haitiana, que está a sofrer há tanto tempo”.
O Santo Padre lembrou que a guerra na Ucrânia agravou ainda mais a situação, deixando populações inteiras em risco de carestia, especialmente no Afeganistão e nos países do Chifre de África. “Toda a guerra – bem o sabemos – provoca fome e serve-se do próprio alimento como arma, ao impedir a sua distribuição às populações já atribuladas. Neste dia, aprendendo com o Príncipe da paz, empenhemo-nos todos – a começar pelos que têm responsabilidades políticas – para que o alimento seja só instrumento de paz”, exortou ainda Francisco, que concuiu em seguida:
Queridos irmãos e irmãs, hoje como há dois mil anos Jesus, a luz verdadeira, vem a um mundo achacado de indiferença que não O acolhe (cf. Jo 1, 11); antes, rejeita-O como acontece a muitos estrangeiros, ou ignora-O como fazemos nós muitas vezes com os pobres. Hoje não nos esqueçamos dos numerosos deslocados e refugiados que batem à nossa porta à procura de conforto, calor e alimento. Não nos esqueçamos dos marginalizados, das pessoas sós, dos órfãos e dos idosos que correm o risco de acabar descartados, dos presos que olhamos apenas sob o prisma dos seus erros e não como seres humanos.
( da redação com informações da BBC Brasil e Vatican News. . Edição: Genésio Araújo Jr.)
19 de Novembro, 2024 às 23:56