Por Jamili Maria Campos, sua filha
Para muitos este relato talvez seja desconhecido pois a história as vezes fica perdida no tempo causando injustiças ou inverdades. Portanto enquanto professora e filha, penso que preciso contar aqui um pouco da história que vivenciei desde menina sempre junto acompanhando meus pais, João Rogério de Souza Campos, 83 anos, e a artista plástica Yolanda Bathke.
Tudo começou por volta dos anos de 1967 onde o Secretário de Agricultura da época, Glauco Olinger fez a pergunta direta e objetiva: quantos pés de macieira você plantaria se eu instalasse uma sede da pesquisa aqui em São Joaquim-SC, Empasc???. Lançando assim um desafio a este sonhador o qual aceitou e colocou a mão na massa plantando no início 10 mil pés de maçã, aumentando o plantio algum tempo depois para 15 mil pés, sempre com muito trabalho, dedicação, honestidade, cuidando do seu plantio e deixando assim seu pomar a disposição para as Pesquisas realizadas pela Secretaria de Agricultura de Santa Catarina através da Empasc – Empresa de Pesquisa e Extenção Rural de SC, atualmente a Epagri.
Neste tempo os agrônomos Pedro de Alcântara Ribeiro e Kenji Yoshirozawa e com o apoio de sua esposa, trazia os sacos plásticos para colocar as amostras de maçãs para fazer as pesquisas na Frutícola Campos. Rogério sempre muito idealizador e conservador da cultura veio ao longo de sua jornada realizando atividades de colaboração para o crescimento do município de São Joaquim-SC.
Além de ser o pioneiro no plantio e cultivo da maçã, também plantou morangos os quais vendia em uma Variant vermelha nas ruas de São Joaquim, ficávamos parado na praça e em frente ao açougue de Lauro Zandonadi e também entregando aos seus fregueses de porta em porta. Trouxe a primeira máquina de classificar maçã que foi instalada no barracão da Frutícola Campos onde mais tarde construiu câmaras frias, esteve presente na fundação da Cooperserra juntamente com Joaquim Godinho, na fundação do CTG Minuano Catarinense, Clube Astréa (sócio remido) Invernada Artística, presidente do Sindicato Rural de São Joaquim.
Grande incentivador na vinda dos japoneses a São Joaquim, tornando-se sócio da antiga Cotia, seria hoje a Sanjo. Incentivador do turismo no município iniciando uma construção do Hotel Fazenda Gralha Azul na Fazenda Colégio com plantação de um vinhedo o qual da produção em parceria com algumas vinícolas vinificou suas uvas transformando em deliciosos vinhos.
Quando começou suas atividades na fruticultura, o plantio de maçãs eram em terras cedidas por seu pai para esta atividade e após muitas batalhas comprou a terra onde estava o pomar e outras partes que recebeu como herança. Seguindo assim seus sonhos e ideais os quais tornaram-se memórias de um grande homem trabalhador e pioneiro da principal atividade de renda do município de São Joaquim.
Teve como companheiro neste início de jornada do plantio de maçãs, Ivo Camargo, os dois começaram cada um em seu pomar no mesmo período. Neste breve relato escrevo apenas algumas partes da real história do pioneirismo nos pomares de maçã em nossa cidade, sei que tem muito mais a ser contado e algumas homenagens fazem parte da sua vida entre as elas recebidas destacam-se:
Destaques de sua trajetória
– 2003 foi homenageado em Fraiburgo no VI Enfrute, pelos serviços prestados em prol do desenvolvimento da fruticultura brasileira;
– Nos de 1960, recebeu troféu de destaque do Jornal Correio Lageano, por sua atuação a nível de Santa Catarina;
– Recebeu a Comenda Manoel Joaquim Pinto;
– Distinção Pública Hinesta em 1976 conferida a Frutícola Campos;
– Em 2003 recebe do vereador Marcos Danilo Fontanella, homenagem pelo pioneirismo da Fruticultura em São Joaquim;
– Em 1993, homenageado pelo Bradesco no VI JEB;
– Seu nome é citado em livro e várias reportagens em revistas e jornais sobre fruticultura em Santa Catarina;
– Foi convidado como debatedor num Congresso sobre fruticultura na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);
– Em 1972 é entrevistado na Revista Manchete, com título “O pomar do Sul” com texto de Raul Caldas Filho e fotos de Domingos Cavalcanti feitas no seu pomar, inclusive com Elizabeth Bathke que na época era Miss Turismo de Santa Catarina;
– Rogério Campos expõem suas maçãs em Bom Jardim da Serra e Videira-SC;
– Participou com Standes e Pontos de Venda de maçãs em diversas Festas Nacional da Maçã de São Joaquim, trabalhando ativamente pelo sucesso das mesmas;
– Em 1975 um senhor de Porto Alegre-RS comprou maçãs e entregou uma caixa delas no jornal Correio do Povo, que fez uma bela reportagem sobre suas frutas;
– Em 2023 é homenageado com a Medalha Kenshi Yushirozawa, pelo seu pioneirismo na fruticultura reconhecido pela Associação da Colônia Japonesa de São Joaquim, no 15º SenaFrut;
– Participou ativamente na cultura de São Joaquim, em diversas ações, entre elas com alguns outros colegas na inauguração do Museu Assis Chateaubriand e nas Cavalgadas dos Caminhos da Neve e Assis Chateaubriand;
– Na política do município, teve participação ativa desde sempre, pois ao lado de seus companheiros inseparáveis Joaquim Anacleto Rodrigues Neto, Rogério Tarzan Antunes da Silva, José Rivarol da Silva Campos (Zé do Guincho), Joaquim Godinho dos Santos, Edgar Pinto entre outros formavam um grupo de peso e presentes em grandes partidos políticos desde Arena, MDB, PFL, Democratas entre outros.
– Nunca foi candidato a nada mais sempre participou ativamente nas atividades importantes da política do município conservando sempre a amizade entre eles independente de qualquer escolha que fizessem.
Acredito que teria muito mais para contar pois a fruticultura tem uma importante história em nossa cidade. Diversos nomes fazem parte desta jornada, pessoas que trabalharam juntos por um mesmo ideal que era de fazer nosso município chegar até aqui com excelência e reconhecimento como a Capital Nacional da Maçã.
Entendo que homenagens e reconhecimento devam ser feitos enquanto estamos em vida para que possamos lembrar das emoções por eles vividas.
Fonte: SerrasSC - Fotos: Arquivo da Família - postado por jornalista Artur Hugen
19 de Novembro, 2024 às 23:56