BC atualiza números e endividamento agrícola supera os R$ 300 bilhões

Comissão Externa que apura crise no setor promoveu audiência pública ontem (8) para ouvir representantes de entidades

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Comissão Externa que apura crise no setor promoveu audiência pública ontem (8) para ouvir representantes de entidades

A Comissão Externa Sobre o Endividamento Agrícola (CEXAGRI) promoveu audiência pública nesta terça-feira (8), na Câmara dos Deputados, para ouvir representantes das entidades que representam os diversos setores do agronegócio. O coordenador do colegiado, deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-RS), aproveitou a oportunidade para tornar público os dados atualizados encaminhados pelo Banco Central.

Até 31 de dezembro de 2017, a dívida total no sistema financeiro superou os R$ 303 bilhões. “Numa simples atualização, os números cresceram mais de R$ 20 bilhões em relação aos dados anteriores. E o que tem ficado bem claro é que existe, no mínimo, o dobro disso sendo devido pelos produtores para os agentes foram do sistema financeiro”, ressaltou o parlamentar.

Nesta quarta-feira (9), a partir das 11h, os integrantes da CEXAGRI se reúnem com dirigentes das instituições bancárias. Já na próxima semana está prevista a última reunião de trabalho, que contará com a presença de representantes dos ministérios da Fazenda, Planejamento e Agricultura. “Vamos concluir os trabalhos no dia 23, apresentando uma série de propostas. Se deixarmos a situação como está, corremos sérios riscos de vivermos uma crise sem precedentes e de maneira generalizada. Num curtíssimo espaço de tempo, o problema será de todo o agronegócio brasileiro”, alertou. O parlamentar destaca os setores do arroz, leite, café, suínos e aves como os mais afetados pela crise de renda neste momento.

Presente ao encontro, o vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (FEDERARROZ), Alexandre Velho, disse que a crise que afeta o setor orizícola é complexa. “Temos o problema da falta de renda, do custo de produção crescente, que aponta para um aumento entre 10% e 15% para a próxima safra. Falta fiscalização nas fronteiras, concorrência desleal com o Mercosul e a atuação do varejo na tipificação do arroz”, pontuou o dirigente. Velho ressaltou que mais de 130 municípios gaúchos dependem da economia do arroz.

Já o vice-presidente de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, chamou a atenção dos presentes para o fechamento dos mercados europeu e russo para as carnes de frango e suínos. Além disso, Santin disse que a falta de milho e o seu custo elevado repercutem diretamente no preço das rações. Vice-presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Pedro Loyola, sugeriu aos bancos privados a adoção de campanhas de renegociação. Loyola também chamou a atenção para o fato de que os instrumentos de gestão de riscos agropecuários serem acessados por menos de 30% dos produtores brasileiros, ou pouco mais de 20% da área plantada no país. A falta de proteção das lavouras e a consequente frustração de safras por excesso ou ausência de chuva também seria responsável por grande parte do endividamento dos produtores.

Artur Hugen, com Apolos Neto/AI/Gabinete/Fotos: Apolos Paz

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