Retirada de glifosato do mercado ameaça início do plantio
Comissão de Agricultura da Câmara deve promover audiência pública para discutir suspensão do uso do herbicida no Brasil
Faltando poucos dias para o início do plantio de soja, uma polêmica ação do Ministério Público Federal contra o glifosato pode colocar em risco a agricultura brasileira. A ameaça de retirar do mercado o herbicida mais usado no país gerou críticas do setor produtivo e a reação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-RS) apresentou requerimento na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, propondo a realização de audiência pública para discutir a suspensão do registro de todos os produtos que utilizam os ingredientes ativos glifosato, abamectina e tiram. A decisão judicial determina que a Anvisa conclua esses procedimentos até o dia 31 de dezembro, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Segundo Jerônimo, a decisão da Justiça brasileira pode gerar um impacto sem precedentes na economia nacional e tem levado muita preocupação ao campo. “Estamos no final da colheita do milho. Em seguida começa o plantio da soja e o produtor terá que usar o glifosato para fazer o controle das pragas. Teremos uma catástrofe alimentar se os agricultores não tiverem como aplicar o produto”, alertou.
O parlamentar acrescenta que, na maioria dos casos, o produtor já comprou os insumos para a lavoura. Além disso, não há outro produto similar que possa substituir o glifosato com a mesma eficiência.
Em nota, a Sociedade Rural Brasileira informou que o glifosato atinge as folhas, não os frutos, e que o produto tem risco zero para a saúde. A entidade reforça que, sem ele, é impossível manter o uso do plantio direto nas lavouras brasileiras. Jerônimo também cobrou agilidade da Advocacia Geral da União na análise de um recurso para suspender a medida judicial que impede o uso do glifosato.
Artur Hugen, com Apolos Paz/AI/Gabinete/Foto: Divulgação