Davi Alcolumbre: Somos o elo entre o povo e as instâncias de decisão global
Os países do Brics devem atuar como forma construtiva em prol da paz, reforçando o compromisso com resultados concretos e positivos para nossas sociedades
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O respeito às diferenças políticas e o diálogo internacional são os “únicos instrumentos essenciais para a paz e para o progresso”, foi destaque do discurso do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, na sessão solene de abertura do 11º Fórum Parlamentar do Brics. ele ressaltou a importância dos Poderes Legislativos para a definição de políticas públicas ao redor do mundo.
— Que os parlamentos se pronunciem de maneira autônoma e complementar às ações propostas pelos governos sobre os rumos da cooperação internacional na solução de temas da mais alta importância para a sociedade. Somos o elo necessário entre os interesses dos povos que representamos e as instâncias de decisão global. Somos, cada parlamento, a voz do nosso povo, da nossa gente. Por isso, ao participarmos deste fórum, reforçamos o compromisso de que as vozes da sociedade, a nossa cultura e a nossa história estejam presentes nos grandes debates do mundo — afirmou.
O 11º Fórum Parlamentar do Brics vai até esta quinta-feira (5), com a presença de 230 credenciados de 19 delegações. Para presidente da Casa, o encontro do Brics em Brasília é “símbolo forte da cooperação internacional”.
— Atuais desafios da arquitetura multilateral de segurança e de paz é ponto forte dos sistemas de saúde pública num mundo ainda vulnerável às emergências sanitárias. Os avanços das novas tecnologias, especialmente com um olhar para a inteligência artificial, que cresce num ritmo acelerado e demanda um arcabouço normativo capaz não só de incluir, mas de também proteger, as pessoas, além de sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico como outros assuntos centrais, pontuou.
A— Não existe desenvolvimento econômico verdadeiro sem visão de futuro, sem visão de longo prazo. Não podemos pensar na possibilidade de futuro sem um desenvolvimento sustentável e econômico.
Alcolumbre, afirmou ainda que “é necessário que ambos caminhem juntos, pois são pautas que ultrapassam fronteiras e exigem cooperação. Acima de tudo, demandam uma diplomacia parlamentar cada vez mais vibrante e ativa é um diferencial no Fórum Parlamentar no Brics Brasil
— As mulheres parlamentares têm espaço próprio para o diálogo e a construção de propostas. A sociedade se fortalece quando incorpora de forma efetiva a perspectiva feminina nas decisões políticas. Nós nos orgulhamos de sediar um encontro que tem como um de seus pilares o protagonismo e a liderança das mulheres — afirmou.
Ele destacou ainda a ampliação do número de países que participam do encontro como um “ponto essencialmente simbólico” e marca a entrada de novos países reforçando o caráter inclusivo bloco
— Somos diversos, mas unidos pela busca de justiça social, equilíbrio geopolítico e desenvolvimento sustentável. Somos 40% do Produto Interno Bruto mundial, mais que os países do G7 unidos. Somos também cerca de 25% do comércio internacional. Tenho absoluta certeza de que esses números serão ainda maiores nos próximos anos — salientou.
‘Reforma abrangente’
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, defendeu uma “reforma abrangente” de organismos multilaterais. Para Motta, instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) precisam refletir a configuração geopolítica atual.
Essa reforma deve refletir com mais proporcionalidade a atual conjuntura geopolítica e fortalecer a voz dos países emergentes e em desenvolvimento da América Latina e do Caribe, da África e da Ásia nesses espaços de decisão.
‘Soluções negociadas’
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, disse que o evento demonstra o compromisso do bloco na busca por soluções “em um cenário internacional desafiador”, marcado por transformações econômicas e tecnológicas e tensões geopolíticas. Ele defendeu a reformulação de organismos ligados à ONU, como o Conselho de Segurança.
Geraldo Alckmin, em exercício na presidência da República, disse que o Brasil O Brasil reafirma seu compromisso com soluções negociadas para conflitos e com a reforma do Conselho de Segurança da ONU para uma governança global mais justa e representativa. Os países do Brics devem atuar como forma construtiva em prol da paz — enfatizou.
O senador Humberto Costa (PT-PE), O coordenador parlamentar do Brics no Senado, também cobrou a renovação de instituições multilaterais e afirmou ainda que as estruturas da ONU e da Organização Mundial do Comércio (OMC) ignoram “novos protagonistas”.
Os sistemas da ONU e da OMC entram em franco debacle, exatamente porque ora desfiguram o esquadro político. Sistemas que estão ainda desenhados em cenários carcomidos, que remontam à década de 1950, consolidados em uma posição central do Ocidente. Ignora-se ali que nas últimas décadas houve o surgimento e a crescente importância de novos protagonistas na arena política global, enfatizou.
‘Diplomacia parlamentar’
O representou o Supremo Tribunal Federal (STF) no Fórum, ministro Gilmar Mendes e decano da Corte, “reforça o valor da diplomacia parlamentar”.
— É uma oportunidade ímpar para aprofundarmos o diálogo interparlamentar e fortalecermos a cooperação em prol de um desenvolvimento partilhado entre nossas nações. Reforça o valor da diplomacia parlamentar como instrumento essencial à construção de pontes entre os povos. O Brasil reitera seu firme compromisso com o fortalecimento do bloco e com a edificação de um futuro mais próspero e inclusivo — disse.
A sessão contou ainda com a presença da embaixadora Maria Laura da Rocha, ministra substituta das Relações Exteriores. Ela destacou a “agenda robusta, diversificada e transformadora” do 11º Fórum Parlamentar do Brics, com ênfase na sustentabilidade ambiental, desenvolvimento econômico inclusivo, governança da inteligência artificial e reforma de organismos multilaterais de paz e segurança.
Demonstrou satisfação em constatar que os temas escolhidos para esta edição estão fortemente alinhados com as prioridades da presidência brasileira do Brics em 2025. Essa convergência entre os poderes Executivo e Legislativo enriquece e legitima ainda mais os esforços do Brasil na condução do Brics, ampliando o alcance da nossa atuação e reforçando o compromisso com resultados concretos e positivos para nossas sociedades — afirmou.