TARIFAÇO

Geraldo Alckmin recebe comitiva da FIERGS que pede medidas compensatórias caso o tarifaço dos EUA se confirme

Por Política Real com assessoria
Publicado em
Geraldo Alckmin recebe comintiva da UFIERGS Foto: Ag. CNI

(Brasília-DF, 22/07/2025) O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, recebeu o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Claudio Bier, que lhe apresentou as demandas da indústria gaúcha em relação ao impasse com o aumento das tarifas impostas pelo governo dos EUA a produtos brasileiros.

Foi pedido, entre os pontos, para que se priorize a manutenção da atual tarifa (ou busque prorrogação por ao menos 90 dias caso os novos percentuais sejam adotados) e para que se evite retaliações ou escaladas comerciais, priorizando uma estratégia de diplomacia empresarial. A reunião ocorreu no final da tarde dessa segunda-feira ,21, no Palácio do Planalto, em Brasília. 

Propecupação

Bier ressaltou a preocupação da FIERGS com os efeitos que as tarifas trarão ao RS, uma vez que 99% das exportações do estado aos EUA são de bens industriais. Conforme estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Rio Grande do Sul será o segundo estado mais impactado do país, com uma estimativa de queda de R$ 1,9 bilhão no seu PIB em um ano.

“Os impactos já estão sendo percebidos pelos exportadores: clientes estão cancelando encomendas, cargas estão paradas em portos ou em navios no meio do caminho. Essa situação logo vai gerar desemprego, paradas na produção, férias forçadas e todos os efeitos nocivos que conhecemos", destacou o presidente da FIERGS.

A carta entregue a Alckmin também cita a necessidade de ações compensatórias internas caso a elevação de tarifas seja implementada: facilitação de crédito e capital de giro para empresas afetadas, reforço de mecanismos de reintegração tarifária, incentivos à manutenção de empregos e ações de acesso a novos mercados.

Informações

Dados da Unidade de Estudos Econômicos da FIERGS mostram que, no Rio Grande do Sul, cerca de 1,1 mil indústrias exportam para os Estados Unidos (10% do total brasileiro). Nas vendas da indústria de transformação gaúcha, o mercado norte-americano responde por 11,2%, sendo o maior parceiro comercial das fábricas do estado. Produtos de metal, máquinas e materiais elétricos, madeira, couro e calçados e celulose e papel estão entre os segmentos com maior exposição aos EUA.

Bier relatou a Alckmin que industriais e entidades de classe estão conversando com parceiros comerciais dos EUA para que eles mostrem ao governo norte-americano que a elevação das tarifas é um "perde-perde" para os dois lados. "Perdemos aqui, mas eles perdem lá porque não se consegue fornecedor do dia para a noite. Lá também haverá perdas de empregos, aumento de preços e outros impactos", detalhou.

Reforçou, também, que a indústria gaúcha reconhece o governo federal como legítimo e qualificado negociador, colocando-se à disposição para colaborar no que estiver ao alcance.

Alckmin reforçou que a prioridade do governo é investir no diálogo e nas negociações.

"Ficou claro aqui que o impacto social e financeiro para o RS é muito grave, sobretudo quando tivemos conhecimento que 99% do que o estado exporta para os EUA são bens industriais. Precisamos continuar tentando sensibilizar os empresários americanos de que o tarifaço também será prejudicial para os EUA. Vale lembrar que o caminho jurídico também pode ser uma saída, assim como fizeram os empresários brasileiros de suco de laranja que entraram na justiça nos EUA alegando que o tarifaço fere normas comerciais", disse o presidente em exercício.

Liderada por Bier, a comitiva da FIERGS foi formada pelos vice-presidentes da entidade Julio Mottin e Maristela Longhi (móveis) e pelos representantes de sindicatos Cezar Müller (couro), Haroldo Ferreira (calçados) e Alfredo Schmitt (plástico), além da diretora de Relações Institucionais, Ana Paula Werlang, e integrantes da área econômica da federação. Também participaram da reunião o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e outros ministérios, como Fazenda e Relações Institucionais.

 

Leia a carta na íntegra:
 


Porto Alegre, 21 de julho de 2025.

Exmo. Sr.
Geraldo Alckmin
Vice-Presidente da República do Brasil

Prezado Senhor,

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) vem, por meio desta, manifestar sua extrema preocupação com os efeitos que as tarifas anunciadas pelo Governo dos Estados Unidos trarão ao setor produtivo brasileiro, em especial à indústria gaúcha. 

De acordo com estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Rio Grande do Sul será o segundo estado mais impactado do país, com uma estimativa de queda de R$ 1,9 bilhão no seu PIB em um ano. Esse dado evidencia um risco real de retração no faturamento, suspensão de investimentos e perda de empregos em cadeias produtivas essenciais para nossa economia.  A perda de empregos esperada no Brasil é de 110 mil postos de trabalho, dos quais cerca de 22 mil devem ocorrer no Rio Grande do Sul, segundo nossas estimativas.

A indústria gaúcha tem forte vocação exportadora, com 18,9% de seu faturamento proveniente do mercado externo – acima da média nacional de 16,4%.  Os Estados Unidos são nosso principal parceiro comercial no setor de transformação, respondendo por US$ 1,8 bilhão (11,2%) das exportações do RS em 2024.

Atualmente, mais de 1.100 indústrias gaúchas exportam para os EUA, representando 10% do total nacional. Os setores mais expostos empregam 145 mil trabalhadores (21,2% da força industrial do estado), com destaque para: 

  • Máquinas e equipamentos;
  • Químicos;
  • Metalurgia e metalmecânico;
  • Móveis, madeira e plásticos;
  • Couro e calçados;
  • Celulose e papel;
  • Tabaco.

Diante da gravidade do cenário, solicitamos, com máxima urgência, a liderança do Governo Federal para as seguintes ações prioritárias: 

1.   Manutenção da tarifa atual para exportações brasileiras aos EUA, evitando a entrada em vigor do aumento anunciado; 

2.   Prorrogação por ao menos 90 dias do prazo das novas tarifas, permitindo negociações técnicas e diplomáticas; 

3.   Evitar retaliações ou escaladas comerciais, priorizando uma estratégia de diplomacia empresarial com foco em argumentos econômicos e na preservação das relações históricas com o mercado norte-americano. 

Acreditamos que essas iniciativas são fundamentais para proteger a indústria nacional e abrir espaço para um diálogo responsável com os EUA, visando à reversão das medidas anunciadas.

Paralelamente, defendemos a adoção de ações compensatórias internas, como: 

  • Facilitação de crédito e capital de giro para empresas afetadas; 
  • Reforço de mecanismos de reintegração tributária (ex.: Reintegra); 
  • Incentivos à manutenção de empregos; 
  • Ações de acesso a novos mercados. 

A FIERGS reafirma sua confiança na capacidade do Governo Federal para liderar essa agenda com equilíbrio, firmeza, e sensibilidade considerando as especificidades regionais da indústria brasileira.

Colocamo-nos à disposição para contribuir na formulação e execução dessas medidas. 
 

        Cordialmente, 
        Claudio Bier, presidente da FIERGS.

 

( da redação com Ag. CNI. Edição: Política Real)